Os líderes do Centrão, grupo de partidos de centro e de centro direita, estão eufóricos com as vitórias obtidas nas eleições para a presidência do Senado e da Câmara Federal, no último sábado, as considerando uma oportunidade impar para aumentar seu poder de fogo sobre o Governo Federal.
Após a escolha de Davi Alcolumbre (União/AP), para a presidência do Senado, e de Hugo Motta (Rep/PB), para da Câmara dos Deputados, os caciques do Centrão discutiram possíveis mudanças no governo e a retomada do controle sobre emendas parlamentares, principal fonte de recursos para manter oxigenadas as bases eleitorais dos parlamentares federais.
Com Alcolumbre e Motta no comando do Congresso Nacional, o Centrão fatalmente conseguirá propor uma reestruturação na gestão do presidente Lula da Silva (PT), o que inevitavelmente diminuirá a influência do PT no Governo Federal. Os dois novos caciques do Congresso já alertaram que uma simples inclusão de suas legendas na Esplanada dos Ministérios não será suficiente para garantir apoio a todos os projetos do governo no Congresso. O que o Centrão quer, mesmo, é tinta na caneta, algo que até agora os partidos que compõem o grupo não obtiveram.
É interessante observar que há um grande paradigma nesta negociação que envolve o Centrão e o Governo Federal. Como é público e notório, o governo Lula não enfrenta um bom momento. Disparada do dólar, aumento dos combustíveis, cesta básica nas alturas, são alguns entraves que contribuem para que a terceira gestão de Lula não decole junto a opinião pública. Para apoiar o presidente em seu projeto de reeleição, o Centrão quer que estas questões sejam equacionadas, já que nenhum senador ou deputado irá querer ter um estorvo em seu projeto de reeleição ano que vem. O problema é que para equacionar situações como esta, o governo precisa cortar gastos, enxugar a máquina pública, e promover reformas estruturantes. No entanto, o que o Centrão quer é justamente o contrário, pois postula entrar para o governo com todo o peso de sua gigante máquina política. Se trouxer os aliados de Alcolumbre e Hugo Motta para dentro do governo, Lula aumentará ainda mais as despesas da máquina pública, sufocando de vez sua gestão. No entanto, se não trouxer, engessará de vez o Governo Federal, que precisa do Congresso dar fluidez a seus projetos.
Por sua vez, o Centrão está com a faca e o queijo nas mãos. Com o poder que conseguiu amealhar em Brasília nos últimos dois anos, os partidos do grupo é que decidirão quem será o próximo presidente do país.
Finais
- Prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), circulou pelos corredores da Assembleia Legislativa no último sábado, durante sessão extraordinária que elegeu o deputado Júlio Garcia (PSD) para presidir o legislativo catarinense pelos próximos dois anos. De imediato, políticos ligados ao PSD se dividiram em dois grupos distintos, prevendo o futuro de João Rodrigues. De um lado, uns apostando que ele de fato será candidato ao Governo do Estado ano que vem. Do outro lado, outros apostando que ele concorrerá ao Senado Federal, em uma aliança política que uniria seu partido e o PL do governador Jorginho Mello. Os defensores desta tese argumentam que as tratativas neste sentido estão bastante adiantadas, o que justificaria o fato de dez, dos 11 deputados do PL, terem votado em Júlio Garcia para presidir a Assembleia Legislativa.
- Depois de assumir a presidência da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense, a Amesc, no último dia 30, a prefeita de Sombrio, Gislaine Dias da Cunha (MDB), foi eleita, também, para integrar o Conselho Fiscal da Federação Catarinense dos Municípios, a Fecam. O Conselho é composto por oito chefes de executivos municipais do Estado, dentre os quais Gislaine Cunha. Como presidente da Fecam foi eleito o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD). Do Sul do Estado, além da prefeita de Sombrio, também integram a diretora da entidade o prefeito de Tubarão, Estener Soratto Júnior (PL), que foi eleito para ocupar o cargo de segundo vice-presidente, e o prefeito de Morro da Fumaça, Eduardo Sartor Guollo (PP), que a exemplo de Gislaine foi eleito para o Conselho Fiscal.