Governo Federal cortou em mais de 20% os recursos que serão destinados para Santa Catarina, ano que vem, no que diz respeito a pavimentação e manutenção de rodovias federais, se comparado ao que está previsto para ser investido neste ano. Com isto, as obras que estão sendo tocadas nas BRs 163, 280, 282, 470, e também na 285, especificamente no que diz respeito a pavimentação da Serra da Rocinha, deverão sofrer atrasos. Há mais de um ano a Serra da Rocinha vem recebendo recursos a conta gotas, e a obra, que tinha previsão de conclusão para o próximo dia 31 de dezembro, simplesmente não estará pronta nesta data. Um levantamento preliminar dá conta que ainda são necessários R$ 50 milhões para terminar a pavimentação da Serra, mas tais recursos simplesmente não estão contemplados no Orçamento da União para 2026. Cortes aqui, cortes acolá, e lá se vão 12 anos, desde que o Governo Federal deu a ordem de serviço, em 10 de outubro de 2013, para que a Serra da Rocinha fosse pavimentada. Desde então, começou uma novela que sabe-se lá quando irá acabar.
Mas não é só dos desalentos da Serra da Rocinha que vive nossa população regional, quando o assunto são as rodovias federais aqui no Extremo Sul Catarinense. No que diz respeito a BR 101, por exemplo, os recursos para a revitalização do trecho da rodovia que não está duplicada, em Araranguá, continuam apenas no discurso. O Governo Federal propalou investimentos na ordem de R$ 20 milhões para a revitalização dos cerca de cinco quilômetros que ligam o bairro Mato Alto ao bairro Barranca, mas até agora nada do dinheiro.
Descaso que se estende também a falta de cobrança relacionada às operações da cessionária CCR, empresa responsável pela manutenção da BR 101 em nossa região. As prefeituras de Sombrio e Santa Rosa do Sul, assim como a Câmara de Vereadores de Sombrio, já solicitaram inúmeras vezes readequações nas marginais da rodovia, que também são de responsabilidade da CCR. No entanto, desde que a empresa deu início as suas operações na região, o que inclui a cobrança de pedágios em postos instalados em São João do Sul e no limite de Araranguá com Maracajá, nada de relevante foi feito para atender as solicitações da população.
Mesmo descaso que é observado no trecho da SC 285, entre a localidade de Sanga da Toca II e a sede de Timbé do Sul. Este traçado já deveria ter sido federalizado há muito tempo, pois ele é uma sequência natural da BR 285, que se inicia em Timbé e corta todo o Rio Grande do Sul, até a fronteira do Brasil com a Argentina. Mesmo diante da obviedade que é a necessidade de sua federalização, até agora isto não foi feito. Não se trata meramente de mudar duas letras em uma placa, transformando a SC 285 em BR 285. Trata-se da necessidade de se promover profundos investimentos no trecho compreendido entre Sanga da Toca II e Timbé do Sul, para que a rodovia se adeque ao pesado trânsito que receberá depois da conclusão da Serra da Rocinha e adjacências. Convém ressaltar a necessidade da implantação de entornos viários em Ermo e Turvo para que a 285 tenha viabilidade de tráfego, sem colocar em risco a vida da população destes dois municípios. Por enquanto, no entanto, o Governo Federal tem feito ouvidos de mercador.
Finais
O veto do presidente Lula da Silva (PT) ao projeto de lei que promoveria a redistribuição do número de deputados federais, por Estado, com base no Censo do IBGE de 2022, pode ter sido um grande agradecimento ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (REP), que não tem feito nenhuma questão de esconder seu alinhamento com o Palácio do Planalto. O fato é que a Paraíba, que é o Estado de Hugo Motta, perderia dois deputados federais caso o projeto fosse sancionado. Um destes dois poderia ser ele próprio, já que Motta pretende disputar à reeleição. Com o veto, Lula, que é de Pernambuco, também fez um afago os deputados alinhados com ele em seu Estado de origem. O fato é que Pernambuco também perderia uma cadeira legislativa na Câmara Federal.
Bom, enquanto o pessoal do Nordeste se ajeita lá em cima, via Praça dos Três Poderes, cá embaixo choramos as pitangas. Santa Catarina, que de acordo com a Constituição Federal tem direito a mais quatro deputados federais, deixará de tê-los. É interessante ressaltar que caso fosse promovido o aumento do número de deputados federais para nosso Estado, também passaríamos a ter mais quatro deputados estaduais. Um destes, muito provavelmente, seria do Sul do Estado, o que aumentaria nossa representatividade na Assembleia Legislativa, e, consequentemente, a vinda de recursos para nossa mesorregião. O fato é que, a bem da verdade, estamos em um mato sem cachorro. Que a picaretagem reina em Brasília, todo mundo sabe. A esperança, no entanto, sempre foi a Constituição. Todavia, agora parece que nem ela está servindo para alguma coisa.