Os encaminhamentos político-eleitorais de Santa Catarina estão bem mais adiantados do que deveriam estar. Nossos políticos não estão fazendo qualquer tipo de reserva, quando o assunto são as coligações majoritárias, e, até o momento, estão desprezando completamente o cenário nacional, que é o que, na verdade, irá normatizar as eleições estaduais.

O governador Jorginho Mello (PL), por exemplo, já disse aos quatro ventos que uma das vagas ao Senado por sua coligação está reservada para a federação União Progressistas, que, aliás, nem foi homologada ainda pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ainda que seja, e provavelmente o será, o fato é que a federação tem como pré-candidato a Presidência da República o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Se de fato sua candidatura for levada adiante a federação não poderá coligar com o PL do governador Jorginho, que provavelmente também terá candidato a presidente. Em princípio, a geografia política nacional da conta que o PL terá como candidato à Presidência o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que ainda está filiado ao Republicanos, ou a ex-primeira dama Michele Bolsonaro. Sendo assim, lideranças como Esperidião Amin (PP), por exemplo, precisariam estar no palanque de Ronaldo Caiado, e Jorginho no de Tarcísio ou de Michele, sem possibilidade de aliança no primeiro turno.
Outra situação que precisa ser observada diz respeito ao Novo. A deputada federal Carol de Toni (PL) vislumbra a possibilidade de migrar para o partido para disputar o Senado de forma independente. No entanto, estão bem adiantadas as tratativas para que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) seja candidato a vice-presidente do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Com isto o Novo estaria oficialmente no palanque do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), aqui no Estado, em seu projeto de chegar à governadoria.
Isto não é difícil de acontecer, mesmo porque a direita nacional sabe que quanto mais candidatos a Presidência tiver, maiores são as chances de derrotar o presidente Lula da Silva (PT) em seu projeto de reeleição no segundo turno. Com PL, PSD e União Brasil tendo candidatos ao Palácio do Planalto, Lula dificilmente seria reeleito no primeiro turno, e, na segunda etapa da eleição, os ventos não ficariam nenhum pouco favoráveis para ele.
Esta multiplicidade de candidaturas à Presidência pela direita, no entanto, cria um cenário desagregador para candidaturas majoritárias nos Estados. E é possível que esta desagregação de fato se torne realidade. Por conta disto, o mais conveniente é que cada partido cuide do que é seu, até as coisas ficarem mais claras, se evitando desgastes internos que no futuro poderá se tornar irremediáveis.
Finais
- Delegado Geral da Polícia Civil de Santa Catarina, o turvense Ulisses Gabriel, não teve dias nada tranquilos na última semana. Primeiro tomou ciência de um pedido de impeachment contra ele, que foi protocolado na Assembleia Legislativa. A denúncia que embasa o pedido se baseia na suposta utilização de seu cargo para fins políticos eleitorais. Ato seguinte, tomou ciência do monitoramento, por parte do crime organizado, do dia a dia de sua mãe, esposa e filha, de apenas 8 anos. Os dois fatos coincidem com a manifestação de interesse nas eleições de 2026 por parte do delegado, como também no cerco cada vez maior ao crime organizado. Interessante observar que o pedido de impeachment foi protocolado por um cidadão de Criciúma, município sede da base eleitoral de Ulisses Gabriel.
- E a décima pesquisa realizada pelo Instituto Gerp, sobre o cenário eleitoral, em nível nacional, do ano que vem, voltou a incendiar os bastidores da política. A pesquisa foi realizada entre os dias 1 e 5 de novembro, tendo sido divulgada na última sexta-feira. O levantamento, que ouviu 2.000 pessoas, tem margem de erro de 2,24% e nível de confiança de 95,55%. De acordo com o levantamento, se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fosse candidato a presidente, ele venceria o presidente Lula da Silva no segundo turno por 47% contra 42% dos votos. Se a candidata fosse Michele Bolsonaro (PL) ela venceria Lula no segundo turno por 47% contra 44%. Por sua vez, se o candidato fosse o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (REP) ele também venceria Lula no segundo turno por 44% contra 43%.










