“As moedas estão mais escassas. Com os pagamentos via Pix e cartão, a gente até pede para os clientes para que quem tiver as moedas em casa, traga para a loja. Muitas vezes, temos que correr atrás de troco e nem nas lojas vizinhas a gente consegue”. A dificuldade da gerente de loja feminina do centro de Sombrio, Karol Manenti é a mesma enfrentada pela grande maioria dos comerciantes da região e, até mesmo, do país. “A gente até pede para que não guardem as moedas em cofrinhos. Vamos botar essas moedas para girar”, diz.

“A gente tem dificuldade para conseguir moedas de todos os valores (R$0,05, R$ 0,10, R$ 0,25, R$ 0,50 e R$ 100) e notas com valor baixo (R$ 2,00 e R$ 5,00). Não estão circulando e quando aparecem, rapidamente somem”, diz o atendente de caixa de um supermercado de Balneário Gaivota.
Maria de Lourdes Inácio, é aposentada e mora em Sombrio. Ela conta que sempre que vai ao supermercado, mesmo que pague no cartão, oferece as moedinhas que estão na carteira, pois sabe que “o dinheiro sumiu”. “Principalmente nesses comércios pequenos, acabam sempre diminuindo o valor da compra, para fechar o troco. Acho que eles perdem muito. Se forem arredondar para baixo para cada cliente, dá um dinheirão no fim do dia”, estima.
Na Farmácia Vila Conceição, em São João do Sul, a farmacêutica Cristina Esteves disse que conta com a ajuda da comunidade para juntar moedas de troco. “De vez em quando vem um morador aqui da Vila, com um saco de moedas e trocamos por dinheiro de papel. Eles sabem que a gente precisa e juntam para nós”, disse.
O incômodo vem se refletindo não só nos comerciantes, que correm para não deixar faltar nos caixas, mas também os clientes que, acabam aceitando balas e chicletes, deixando de lado alguns centavos que viriam de troco ou mesmo doando para as mais diversas campanhas solidárias que são realizadas por entidades e pelos próprios estabelecimentos.
Como obter troco?
O Banco Central do Brasil, em seus canais de comunicação, chama esse fenômeno de “entesouramento”. A falta de circulação de moedas por estarem perdidas ou esquecidas gera problemas como a dificuldade de emissão de troco no comércio e motiva a produção de novas moedas. Trazer moedas armazenadas de volta à circulação é atitude sustentável, pois economiza energia e minérios.
O Banco Central sugere os seguintes procedimentos para os comerciantes que enfrentam dificuldade para obter troco junto aos bancos comerciais:
- Registrar pedido junto à gerência da agência do banco onde mantém conta;
- Contatar o serviço de atendimento aos clientes do seu banco, caso não tenha sido atendido;
- Comunicar-se com a associação de classe da qual sua loja faça parte. As associações poderão, então, comunicar ao Banco Central problemas generalizados para conseguir troco na sua localidade por meio do e-mail mecir@bcb.gov.br, para que o BC resolva o problema .
O Banco do Brasil, que, como custodiante, ajuda o Banco Central a distribuir numerário no país, mantém guichês de fornecimento de troco (moedas e notas de 2 e de 5 Reais) à população em algumas agências.