O jovem Rodrigo Carlos Alves, “DJ Rodrigo Pé”, como é conhecido, tem 32 anos e mora no interior de São João do Sul. “Venho de uma família muito humilde e batalhadora, sou filho de agricultores e tenho paralisia cerebral. Nasci com o cordão umbilical enrolado no pescoço e por isso tenho dificuldade na fala, nos membros superiores e no caminhar também”, conta.
Questionado sobre a sua rotina, ele traz detalhes da sua adaptação ao dia-a-dia, lembrando que dos dois aos 20 anos de idade frequentou a APAE como aluno. Depois disso, foi avaliado e saiu da instituição, frequentando somente os atendimentos de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. “Aprendi muitas coisas, fiz muitas amizades e tenho muito orgulho da APAE, escola que me deu muita força e continua até hoje me apoiando”, diz.
DJ Rodrigo começou a chamar atenção de seus amigos e familiares sobre a habilidades que vinha apresentando com os pés: “Comecei a andar sem apoio com 14 anos de idade. Desde então comecei a ter habilidades com os pés, escrever e fazer pinturas em telas. Gostava muito de pintar paisagem e abstrato. Comecei a estudar na escola de Educação de Jovens e Adultos (EJA) com 15 anos. Escrevia com lápis no caderno”, revela.
Ele ainda contou à nossa reportagem que ganhou seu primeiro computador de mesa, de dois empresários da região. Desde então seus primos começaram a trazer CDs de música para passar para o computador porque na época ele não tinha internet. “Comecei a ouvir uns ‘remixes’ e ‘dance’ então passei a gostar de música”. Ele lembra que em 2007 entraram em casa e roubaram seu computador. “Eu não desisti. Levantei minha cabeça e fui atrás dos meus sonhos. O roubo foi matéria de jornais do estado e um empresário de Florianópolis (SC) leu a matéria e entrou em contato com a APAE e doou um computador para mim. Desde então ficamos amigos e conhecendo ainda mais minha história, vendo meu esforço pra estudar, um ano depois doou um notebook usado para que eu pudesse realizar atividades dentro da sala de aula”, lembra.
Sobre o início de sua carreira, Rodrigo disse que já se garantiu em fazer muitas coisas com os pés e já mexia no computador com os pés, por isso a escolha de seu nome artístico: DJ Rodrigo Pé.
Ele começou a tocar em festas de aniversário e casamento, comprou um equipamento simples para facilitar suas apresentações e recebeu apoio de uns amigos que abriram as portas para que participasse de um DVD, um clipe e fazer novas parcerias como o compositor Gabriel Valim, que achou bacana seu trabalho e sua força de vontade, indo até sua casa, junto dele do cantor Edy Lemond, levando presentes, um notebook novo e uma controladora mais moderna, “que melhorou minha performance”, relatou emocionado.
DJ Rodrigo Pé conta que além de toda essa experiência que ele já ganhou, busca se aperfeiçoar, já possui cursos do ramo como de Produção Musical online e leva o título nacional de “Primeiro DJ do Brasil a tocar com os pés”.