É senso comum, no meio político, deduzir que Jorginho Mello (PL) vencerá a disputa pelo Governo do Estado, no próximo dia 30, com relativa facilidade, provavelmente cooptando dois, de cada três votos válidos dos catarinenses. O espelhamento da eleição federal em Santa Catarina é evidente. Trata-se do único caso no país onde o PL de Jair Bolsonaro estará enfrentando o PT de Lula da Silva na disputa pelo governo estadual, nesta segunda etapa da eleição. Se no primeiro turno Bolsonaro já aplicou dois por um em Lula, aqui em Santa Catarina é natural imaginar que está será a diferença obtida por Jorginho Mello sobre Décio Lima (PT) no último domingo deste mês.
O PT, por óbvio, sabe disto, mas nem por isto irá se entregar, mesmo porque há algo muito maior em jogo do que o governo catarinense. O fato é que diante da acirrada disputa que se avizinha, em nível federal, cinquenta ou cem mil votos a mais, ou a menos, podem fazer toda a diferença na briga pela Presidência da República. É justamente por isto que o PT catarinense irá nutrir todos os esforços para que Décio seja bem votado, e, com ele, eleve a votação de Lula em Santa Catarina, quem sabe, para próximo da casa dos 35%. Se o partido se entregar, Lula não passa dos 30%.
Vale lembrar que o PT tem dois desafios gigantes: o primeiro é elevar a votação de Lula nos Estados bolsonaristas, como é o caso de Santa Catarina. O segundo é fazer com que não haja aumento da abstenção nos Estados em que Lula venceu no primeiro turno. Neste sentido, a maior preocupação está ligada àqueles Estados onde não haverá eleição no segundo turno para governador. No Maranhão, por exemplo, onde não haverá segundo turno para governador, Lula venceu Bolsonaro por uma diferença de mais de 1,6 milhão de votos. Lá a abstenção foi de 22%. Se a abstenção chegar a 30%, Lula pode ter sua diferença para Bolsonaro diminuída em mais de 200 mil votos. Se isto se replicar em todos os Estados onde o petista venceu, isto pode gerar um decréscimo de mais de um milhão de votos, sem grandes dificuldades. Manter a militância na rua, então, faz toda a diferença para o PT. Na via inversa, trabalhar até a última hora nos Estados bolsonaristas poderá assegurar no mínimo a votação que Lula já obteve no primeiro turno.
Tudo isto é sabido, mas, por óbvio, o clima de já ganhou dentro da campanha de Décio Lima é contagiante. Faz parte do jogo.
IPEC aponta Lula com 51% e Bolsonaro com 43%
Pesquisa divulgada ontem no final do dia pelo IPEC, registrada sob o número BR 02736/2022, apontou o ex-presidente Lula da Silva (PT) com 51% das intenções de votos dos brasileiros, contra 43% do presidente Jair Bolsonaro (PL), neste segundo turno. Os demais 6% disseram que votarão em branco, nulo, ou não sabem ainda em que votarão. No que diz respeito apenas aos votos válidos, Lula tem 55% e Bolsonaro 45%. O IPEC ouviu 2 mil pessoas, entre o dia 3 e 5 de outubro, e anunciou uma margem de erro de 2%, para mais ou para menos neste levantamento. Em sua última pesquisa realizada no primeiro turno, sob o número BR-00999/2022, o IPEC disse que Lula faria 50% dos votos, contra 36% de Bolsonaro. Abertas as urnas, Lula fez 48,43% e Bolsonaro 43,2%. A margem de erro funcionou para Lula, mas não para Bolsonaro.
MDB apoia Jorginho com olho no Senado
MDB catarinense declarou apoio ao projeto eleitoral do senador Jorginho Mello (PL) ao Governo do Estado. A eleição dele elencará sua primeira suplente, dona Ivete Appel Silveira (MDB), esposa do falecido governador Luiz Henrique da Silveira (MDB), a condição de senadora pelos próximos quatro anos. A bem da verdade, este é o prêmio de consolação que restou ao MDB estadual, depois de uma série de tropeções, que resultaram na diminuição da bancada estadual do partido de nove para seis deputados, no fracasso dos projetos majoritários, e na mera manutenção da bancada na Câmara Federal. Caso não se recicle, o MDB catarinense caminha a passos largos para ser apenas mais um no jogo eleitoral do Estado nos próximos anos.