O testemunho de fé de Albertina

Albertina foi a segunda criança a vir à luz na casa dos Berkenbrock. O primogênito chamava-se Vendelino. Filha de Henrique e Josephina Boeing Berkenbrock, Albertina nasceu em 11 de abril de 1919, na localidade interiorana de São Luiz, em Imaruí, no sul de Santa Catarina. Ela e seus 8 irmãos foram educados nos valores tradicionais cristãos e da cultura germânica, com raízes profundas na Westfália, na Alemanha, onde nasceram seus pais.

Ela era muito admirada por toda a comunidade, que apreciava aquele seu jeito meigo e delicado de ser, a sua preocupação com o bem-estar das pessoas, os seus gestos de caridade e solidariedade e sem preconceito. As pessoas se encantavam com as virtudes de Albertina, isto é, sua capacidade de perdoar e amar a todos; e também por sua vivência religiosa no seio familiar (com a reza diária do terço) e nas celebrações da comunidade. Ela era muito devota de Nossa Senhora. E o Pe. Auricélio acrescenta: “Seu irmão Emílio gostava de me contar que, lá na sua casa, quando eles rezavam o terço, ao anoitecer, após a ceia, todos cochilavam durante a reza, exceto uma pessoa; e ele contava: ‘a minha mana Albertina, esta não cochilava na oração’, dizia-me ele. Albertina era devota de São Luiz Gonzaga, seu padroeiro, e foi martirizada na semana em que se realizavam os preparativos para a festa do Santo.

Albertina nutria um sincero desejo de viver unida a Jesus Eucarístico, e disse: ‘O dia de minha Primeira Comunhão foi o mais belo de minha vida’. Uma de suas irmãs, a Maria Verônica, que ainda está viva, com seus 91 anos, conta um testemunho da sua mãe: ‘Mamãe sempre me dizia que minha irmãzinha, quando soube que a freiras eram toda de Deus, a abraçou e lhe disse: ‘eu também quero ser toda de Deus’. Estes, certamente, são alguns dos valores que levaram seus contemporâneos a apelidá-la carinhosamente de ‘Santinha’, ‘a nossa Santinha’!”

 

O martírio

Enquanto todos admiravam tais atributos morais e religiosos da jovenzinha Albertina, o empregado da família, Indalício Martins, apelidado de Maneco Palhoça, se fixava nos atributos físicos da menina-moça, que já tinha corpo de mulher. Seus cabelos louros, sua pele clara e seus olhos azuis lhe despertavam paixões e volúpia. Ele aguardou uma oportunidade para estar a sós com ela. E a ocasião surgiu no dia 15 de junho de 1931, pelas 16h, quando Albertina procurava um boi que havia fugido do piquete. Maneco lhe deu uma informação errada, dizendo que o animal deveria estar no bosque. A moça acreditou e foi ao encalço do boi. O Maneco a interceptou no matagal e lhe propôs seu intento. Diante da negativa firme de Albertina, ele usou de violência, agarrando-a. Lutaram muito. Ela gritava, tentando dissuadi-lo: “Não, é pecado! Deus não quer. Não me maltrates! É pecado!”. Empunhando um canivete, ele a feriu mortalmente, quase degolando-a. Mas não a estuprou.

Ela tinha 12 anos de idade. E o povo chorou amargamente a perda: “Mataram a nossa Santinha”. Maneco ainda chegou a acusar um moço inocente, o João Cândido, mas, logo a farsa foi desmascarada e o assassino foi preso e condenado, arrependido desta morte e de mais duas outras que confessaria depois.

 

A fama de santidade

Devido à sua fama de santidade, Albertina seguiu atraindo mais e mais devotos e romeiros ao local do seu martírio. A Igreja Católica a declarou Beata em 20 de outubro de 2007 e o seu processo de canonização tramita no Vaticano, como recorda Pe. Auricélio:

“O Pe. Sérgio Jeremias de Souza, vice-postulador da Causa, tem encaminhado ao Vaticano alguns casos especiais que podem ser declarados milagres. Na oração e na torcida, aguardamos um deferimento favorável pela canonização de Albertina a qualquer momento. Albertina é uma riqueza de Imaruí, uma riqueza da nossa Igreja. Ela é um tesouro e fiel exemplo de cristã para todas as pessoas de boa vontade. Há devotos de Albertina por todo o Brasil e, com frequência, recebemos notícias de graças. Quanto às notícias de milagres, essas são mais raras. Cremos que ela já está junto de Deus e que é uma das nossas fiéis intercessoras. Então, apresentar um modelo de vida nesta época de tanto egoísmo, de tanto desânimo e violência, é muito importante. Como é importante conhecer a história de Albertina, embora ela não aponte para si mesma, mas para Jesus Cristo. E, no fundo, é isso o que importa: Jesus!”