terça-feira, 1 DE julho DE 2025
GeralProcedimento pioneiro para pacientes cardíacos é realizado em hospital da Grande Florianópolis

Procedimento pioneiro para pacientes cardíacos é realizado em hospital da Grande Florianópolis

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“O que eu quero é viver. Já disse para o doutor, quero viver mais 20 anos”. Com essa esperança, seu Daniel estava preparado para enfrentar mais um procedimento cirúrgico. Aos 72 anos e com quadro de insuficiência cardíaca, ele se tornou o primeiro paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) a receber um implante de marcapasso cardíaco fisiológico no Estado. O procedimento foi realizado na sexta-feira (24) no Instituto de Cardiologia, em São José (ICSC).

Já conhecida e amplamente aplicada, a técnica do marcapasso é utilizada para estimular o ritmo cardíaco do coração de pacientes que possuem insuficiência cardíaca e que não conseguem realizar a contração correta do órgão. Desta forma, o dispositivo marcapasso é implantado no coração do paciente realizando estímulos por meio de impulsos elétricos.

A implantação do marcapasso fisiológico faz parte de um estudo desenvolvido pelo Ministério da Saúde, através do Programa de e Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) que selecionou o ICSC como uma das instituições para a realização do projeto. A intenção é comparar de que forma os pacientes se comportam a partir do implante tradicional do marcapasso ressincronizante e o marcapasso fisiológico.

“Com esse estudo a gente tá fazendo a comparação de duas técnicas: a técnica que já estava estabelecida com uma nova técnica que vai estimular através de uma região interna do coração do septo profundo. Então a ideia do estudo pioneiro no Brasil é comparar as duas técnicas, a tradicional com a técnica um pouco menos invasiva, que é a do marcapasso fisiológico”, explica Crystian Tholl, chefe do serviço de cirurgia cardíaca da instituição.

Os pacientes que necessitam se submeter ao procedimento são considerados graves, que já possuem uma perda significativa da qualidade de vida. No caso do seu Daniel, o agravamento do quadro vinha gerando muitos sintomas de falta de ar (dispnéia) e limitação aos esforços, com uma piora ao longo dos anos.

”O tratamento para pacientes nesse perfil é medicamentoso e isso é uma terapia que é para agregar, para tirar o sintoma, melhorar a qualidade de vida, melhorar a classe funcional dele, para que possa fazer as suas atividades diárias, pois alguns não conseguem sequer tomar o próprio banho sozinho”, complementa Crystian.

No ICSC dez pacientes farão parte do estudo ao longo deste ano de 2023. Eles serão divididos em dois grupos: metade receberá o implante tradicional e metade o fisiológico. Desta forma, os pesquisadores poderão comparar os benefícios e de que forma os pacientes se comportam em cada uma das técnicas.

“A ideia do projeto, além de científico, tem o intuito de trazer um grande benefício para o paciente. Infelizmente existem muitas pessoas aguardando por esse tipo de cirurgia e com o estudo a gente vai conseguir agilizar esse implante. Outro benefício é que essas pessoas que são candidatas têm uma tendência de melhorar muito com qualquer uma das técnicas, a gente está comparando hoje uma técnica boa com talvez uma ótima, então em ambas os braços os pacientes acabam se beneficiando da cirurgia”, afirma o médico Alexander Dal Forno, responsável técnico pelo projeto Physio-Sync.

Atualmente o marcapasso fisiológico já é utilizado de forma ampla no sistema particular de saúde, com o estudo a ideia é ampliar a aplicação no SUS. Além disso, o novo dispositivo possui um valor menor, possibilitando que mais pacientes possam se beneficiar.

“A proposta é que o implante fisiológico seja mais em conta que a terapia atual para que o SUS possa ofertar mais implantes aos pacientes que tenham insuficiência cardíaca. Hoje a insuficiência cardíaca é uma das patologias que têm uma maior morbidade juntamente com as doenças cardiovasculares, que é a principal causa de morte no mundo inteiro. Atualmente, o tratamento da insuficiência cardíaca envolve entre outras etapas justamente a terapia de ressincronização e implante de dispositivos artificiais, os ditos marcapassos. Então a gente pretende colocar mais uma oportunidade, mais uma opção de tratamento dentro do SUS, é mais um dos benefícios que nós queremos trazer para a nossa instituição”, explica o médico Gabriel Odozynski, responsável pelo projeto no ICSC.

O procedimento foi realizado no setor de Hemodinâmica do Instituto, a equipe foi comandada pelo cirurgião Crystian Tholl. Estiverem em atuação os profissionais: cardiologista Fabrício Mallman, chefe do serviço de Arritmia; eletrofisiologista cardíaco Alexander Dal Forno, responsável técnico pelo Physio-Sync; cardiologista Gabriel Odozynski, responsável pelo Physio-Sync no ICSC; enfermeiro Júlio Cesar Preve, chefe de enfermagem do setor de Hemodinâmica; enfermeira Rosānia Rodrigues; as técnicas de enfermagem Giseli Fanezi, Sandra Vom e Cristiane Castro; e o anestesista Bernardo Noronha.

Dois dias após realizar o procedimento, o senhor Daniel recebeu alta e está se recuperando em casa. Ele seguirá sendo acompanhado pela equipe durante todo o estudo. A expectativa é que os benefícios do procedimento possam ser observados ao longo dos 30 dias posteriores à cirurgia.

OCP News

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