Os dias de folga são tão pequenos para tudo o que é preciso fazer, que às vezes não temos tempo nem ao menos para descansar. Minha mãe sempre dizia e estava correta: “é como descansar carregando pedras”. Tem horas que o ideal é entrar no modo “ao avesso e às avessas”, fechar a porta de casa e sair para arejar a mente.
Às vezes imagino que seja fácil para a mente masculina que quando foca numa determinada coisa, parece que viaja num mergulho de alma, mente e coração. O corpo fica ali e às vezes parece nem ter vida de tão intensa é a concentração. Talvez seja minha percepção, mas é que percebo a minha volta.
A mente de uma mulher vai do sul ao norte num piscar de olhos e rompe fronteiras em segundos. A gente se preocupa, se ocupa e se “pré ocupa” com tudo e com todos. Com uma mente a mil, é comum que o estresse e a ansiedade perturbem os nossos momentos de lazer, tranquilidade e de sono, gerando com isso problemas físicos e mentais. Sim, emoção e razão precisam estar em sintonia para que tenhamos dias mais agradáveis e mais produtivos.
Nem sempre uma palavra ou mensagem de otimismo logo no amanhecer do dia vai nos impulsionar avante. As vezes é lá pela tarde que as coisas começam a fazer sentido e então entendemos que não adianta viver no amanhã quando temos muito o que fazer no hoje.
Quando conheci meu marido e conversávamos sobre as nossas preocupações no intuito de desabafar e encontrar maneiras de encarar os obstáculos, aprendi com ele a relaxar quando sempre cantava para mim a música de Bob Marley “Three Little Birds (Três Passarinhos). “Every little thing is gonna be alright” (Tudo vai ficar bem). Pensar assim, me fazia acreditar num amanhã melhor.
Pessoas com inteligência emocional sabem superar momentos difíceis dessa forma. Não importam os desafios de hoje, pois elas têm sabedoria e força interior para lidar com quaisquer circunstâncias de uma forma que faz você sentir melhor só em ouvir o tom de voz delas. Elas sabem equilibrar emoção e razão, habilidade que lhes transformam em mais autoconfiantes, autoconscientes, enérgicas e criativas. “Se soubermos como controlá-los e lidar com eles (sentimentos e emoções), ganharemos a capacidade de gerenciar melhor nossa vida pessoal e profissional” diz Ian Tuhovski em seu livro “Inteligência Emocional”.
Quando o furacão Milton atingiu parte da Flórida em outubro de 2024, muita gente perdeu casas, carros e muitos outros pertences. Num desses dias depois do furacão, como era meu dia de folga, sai para fazer umas compras e visitar uma colega de trabalho num outro BK. Eu acredito que nada acontece por acaso e naquele dia, minha colega não estava trabalhando também, portanto aproveitei a oportunidade e atravessei a rua para ir a uma loja já que estava na área. Eu não sei você, mas eu tenho mania de trocar ideias com desconhecidos e são em momentos assim que faço novas amizades.
E foi então que conheci Paula, uma senhora americana super amável e simpática. Enquanto checávamos as novidades na loja, falamos sobre itens decorativos para a casa e outras coisas que já não recordo. Porém jamais esquecerei a sua resposta quando perguntei se morava nas redondezas. Disse-me que tinha vindo passar um tempo até que reconstruísse a casa na Flórida. Ela e o marido tinham sido uma dessas vítimas do tal Milton que levara sua casa e seus pertences. Quando questionei como ainda assim demonstrava contentamento e otimismo, ela me respondeu prontamente: “Estamos vivos! Só perdemos bens materiais!”.
Nem todo mundo pensa como Paula, mas são pessoas assim, pessoas com inteligência emocional. Elas “não choram sobre o leite derramado”, mas buscam alegria nas pequenas coisas para superar os desafios inesperados e os tempos difíceis.
“Não se preocupe com nada! Porque tudo vai ficar bem!” diz Bob Marley em sua música lembrando-nos que não importa a situação, de nada vai adiantar lamentarmos. Podemos encarar quaisquer obstáculos e o desconhecido quando vivermos melhor no “aqui e o agora”.
Quando acordo pela manhã ou quando volto para casa, na parede do meu banheiro, lá está a frase relembrando-me: “Todas as pequenas coisas vão ficar bem!”.
Em seu livro “Mindset” – A Nova Psicologia do Sucesso, a psicóloga americana Carol S. Dweck nos faz refletir que “a visão que você adota afeta profundamente a maneira como você conduz sua vida”. Concordo plenamente enfatizando que a nossa conduta afeta também a vida das pessoas a nossa volta.
Que tal ver o mundo de forma mais positiva e mais promissora? Lembre-se: se algo deu errado, talvez não tenha sido o certo. Então, aproveite a situação e analise o seu ponto de vista. Não espere sua vida revirar do avesso ou ser abalada por um furacão para entender melhor. Valorize cada oportunidade como única. Transforme as situações negativas em positivas e você verá que a vida é mais significativa do que podemos imaginar. Mas se acaso hoje, você não conseguir enxergar além, espere um pouco. Acredite! Tudo vai ficar bem!
