Um dos alimentos mais presentes na mesa dos brasileiros, o arroz está perdendo espaço, especialmente entre as novas gerações. Dados do relatório Projeções do Agronegócio 2023/24 a 2033/34, divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Embrapa, mostram que, nos últimos dez anos, o consumo de arroz no país caiu de 11,8 milhões de toneladas para 11 milhões.
O arroz não é o único item em queda. Feijão e carne vermelha — considerados a base da alimentação nacional — também registram redução no consumo. O alerta vai além da cadeia produtiva do grão, pois o impacto atinge aspectos culturais, sociais e, principalmente, a saúde da população.
De acordo com Walmir Rampinelli, presidente do Sindicato das Indústrias do Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC), um dos principais fatores para essa queda é a mudança nos hábitos alimentares, especialmente entre os jovens, que priorizam alimentos ultraprocessados, refeições prontas e serviços de entrega. “O ritmo acelerado da vida, a praticidade dos produtos industrializados e a perda de costumes, como cozinhar e comer em família, estão mudando o estilo de vida dos brasileiros”, destaca.
Os efeitos dessa mudança já aparecem nos números de saúde. O Atlas Mundial da Obesidade 2025 revela que 68% dos brasileiros estão acima do peso — 31% com obesidade e 37% com sobrepeso. Outro estudo, do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz, aponta que, se a tendência continuar, até 2035 metade das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estarão com sobrepeso ou obesidade.
Além dos problemas visíveis, a obesidade está associada a diversas doenças, como hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares, renais, câncer e complicações neurológicas e digestivas.
Arroz: prático, nutritivo e parte da nossa cultura
Ao contrário do que muitos imaginam, preparar arroz é simples, rápido e econômico. Com poucos ingredientes — geralmente água, sal e o próprio grão — é possível cozinhar em cerca de 20 minutos, além de ser um alimento que combina facilmente com diversos acompanhamentos.
Nutricionalmente, o arroz é uma excelente fonte de energia, rico em carboidratos complexos, proteínas, vitaminas do complexo B e minerais como potássio, fósforo e magnésio. Também oferece fibras que ajudam no bom funcionamento do intestino e no controle do colesterol. Por ser naturalmente livre de glúten, é uma ótima opção para quem tem intolerância ou sensibilidade.
Diante desse cenário, o setor orizícola busca soluções. A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), em conjunto com os sindicatos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, criou o Fundarroz — um fundo destinado a desenvolver ações de incentivo ao consumo, valorização do grão e fortalecimento do setor. “Queremos mostrar que o arroz não é apenas um alimento. É parte da nossa história, da nossa saúde e da nossa economia”, finaliza Rampinelli.