O Oriente Médio amanheceu neste sábado (14) sob o impacto de uma nova e perigosa escalada militar entre Irã e Israel. Após uma ofensiva aérea israelense que atingiu instalações nucleares e matou altos comandantes iranianos, Teerã respondeu com o lançamento de cerca de 200 mísseis balísticos contra território israelense, desencadeando uma série de ataques e represálias que já deixaram dezenas de mortos e acenderam o alerta global para uma possível guerra regional.
Em Teerã, a televisão estatal confirmou a morte de aproximadamente 60 pessoas, incluindo 20 crianças, em um ataque a um complexo habitacional. Os bombardeios ocorreram em diferentes pontos do país. Do lado israelense, sirenes de ataque aéreo dispararam em várias cidades, forçando a população a procurar abrigos. Três mortes foram confirmadas em Israel. De acordo com autoridades locais, os mísseis iranianos vieram em quatro ondas sucessivas, sendo parte deles interceptados por sistemas de defesa.
Israel afirmou ter retaliado atingindo mais de 150 alvos estratégicos no Irã e declarou que a operação pode durar semanas. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, foi enfático: “Se (o aiatolá Ali) Khamenei continuar a disparar mísseis contra o front israelense, Teerã queimará”.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, participaram da interceptação de mísseis iranianos, conforme confirmaram duas autoridades americanas. O presidente Donald Trump elogiou os ataques israelenses e fez um alerta direto ao Irã: caso não aceite rapidamente reduzir drasticamente seu programa nuclear, “algo muito pior poderá acontecer”. As negociações entre os dois países, previstas para recomeçar no domingo, estão agora em suspenso.
O Irã havia prometido vingar o ataque israelense da sexta-feira anterior, que matou líderes do programa nuclear e militar iraniano. Teerã alertou que qualquer país que ajudar Israel a derrubar seus mísseis também será alvo. A ameaça foi direcionada principalmente aos aliados de Israel com bases militares na região.
A tensão é agravada pelo enfraquecimento dos principais aliados regionais do Irã. A guerra prolongada em Gaza e o conflito no Líbano no ano passado reduziram o poder de retaliação do Hamas e do Hezbollah. Enquanto isso, os países árabes do Golfo, que historicamente desconfiam do Irã, pediram calma, temendo uma ampliação do conflito que poderia afetar a exportação de petróleo. O receio provocou um aumento de cerca de 7% no preço do barril bruto na sexta-feira.
Internamente, o general iraniano Esmail Kosari afirmou que Teerã avalia seriamente a possibilidade de fechar o Estreito de Ormuz, uma rota estratégica por onde passa grande parte do petróleo exportado pela região.
Israel vê o programa nuclear iraniano como uma ameaça à sua existência. Segundo o governo, os bombardeios foram uma medida preventiva para impedir os últimos passos do Irã rumo à produção de uma arma atômica. Teerã, por sua vez, sustenta que seu programa é inteiramente civil e está em conformidade com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Apesar disso, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou na quinta-feira que o Irã tem ocultado partes de seu programa dos inspetores internacionais, violando o tratado. O cenário reforça o temor de que um conflito localizado possa rapidamente se transformar em uma guerra de proporções globais, envolvendo potências externas e ameaçando a estabilidade da região.