Minha primeira vez em um debate sobre inclusão não poderia ser mais inédita.
Honestamente, no dia 28 de julho de 2025, eu esperava debater com
outras pessoas com deficiência. Erro meu. Ao chegar na rádio 93.3 FM,
foi uma nova onda no ar. Convidada pela querida Fanni Bernardes, do
programa Revista 93, saber que ia sentar ao lado de grandes ícones do
rádio foi sensacional.
Rolando Christian Coelho e André Amorim, muito acolhedores e generosos
com essa oportunidade, me deixaram à vontade para ser completamente
sincera sobre a minha visão do que é inclusão.
Resumir em palavras o que significa inclusão para quem já teve mil
experiências com o público foi uma tarefa desafiadora pra mim.
Defender uma causa que, num mundo perfeito, não precisaria ser
defendida. Porque é mais do que uma lei: é empatia. Respeito pelo
próximo. Isso não envolve apenas a pessoa com deficiência, mas também
idosos e todo tipo de limitação.
Na área do mercado de trabalho, abordei algo que é fato, mas que, por
falta de informação, muitos desconhecem: até o deficiente chegar à
porta de uma empresa para pedir emprego, tem muita água pra rolar
debaixo da ponte. Desde o convívio familiar, social, adaptação ou
reabilitação em meio à tecnologia e atualidades do trabalho e, por
fim, um desafio árduo na recuperação da autoestima.
Desafiar o mundo mostrando que posso mais do que apenas um rótulo —
esse é um sentimento diário dos milhares de deficientes visuais, não
apenas em Santa Catarina, mas em todo o mundo.
A pergunta que o Christian me fez: “Qual seria o trabalho que um
deficiente visual poderia exercer?” Confesso que, na hora, falei sobre
mim. Porque eu não poderia deixar de falar como eu me sentia. O
ambiente da comunicação sempre foi — e sempre será — minha área. Minha
paixão.
Em relação a tantos profissionais com deficiência visual, são inúmeras
as áreas onde podem estar: atletas de corrida, jogadores de futebol,
advogados, professores, músicos, engenheiros de software, consultores
de acessibilidade e tantas outras. Tudo é questão de coragem e portas
abertas. Pessoas que se deem a chance de conhecer não somente a
deficiência e as dificuldades, mas as qualidades e as habilidades que
a pessoa tem.
Como eu falei ao vivo — e reitero aqui, sem medo de errar — é que a
pessoa com deficiência, uma vez que vai até o ponto de pedir trabalho,
precisa se conscientizar de que está pronta para qualquer área em que
se sinta capaz. Não apenas porque a empresa precisa cumprir sua meta
de cotas.
A deficiência visual — ou seja qual for — se torna apenas um detalhe
quando somos aceitos como pessoa antes da deficiência.
E respondendo às mensagens que recebi: apesar de ser profissional da
voz, não, eu não fui pedir emprego ou um espacinho no ar. Fui apenas
pra mostrar a Ana de verdade.
Sou muito grata por essa oportunidade de estar aqui no
PortalC1.com.br, que me possibilita colocar em palavras o que muitas
vezes experiencio fora de casa, e trazer informações por um mundo
melhor.
Joguei para o universo, gente! A vida tem que ser vivida hoje — e é
hoje que temos que dar o nosso melhor.
Missão cumprida.
Gratidão pelo convite para esse debate maravilhoso!
Que venham mais!