Para sobreviver com dignidade o homem só tem um caminho: trabalhar. Até mesmo as pessoas ricas trabalham, porque administrar riquezas também é trabalhar. No início, trabalhava-se de maneira individual, ou em pequenos grupos. Eram os camponeses e, nas cidades, os artesãos. Por muito tempo foi assim; não havia organização do trabalho humano.
No Século XVIII, eclodiu na Europa, em especial na Inglaterra, a Revolução Industrial, pelo uso na industria das novas descobertas de energia; a máquina a vapor e o uso do carvão mineral. As indústrias passaram a ter dimensões maiores e, consequentemente, necessidade de um maior número de trabalhadores. O trabalho era desumano. Os objetivos eram maior produção e mais lucro. Homens, mulheres e crianças eram massacrados em atividades insalubres, sem limitação de horários e com baixos salários. Não suportando mais a exploração do capital sobre o trabalho, os trabalhadores passaram a se organizar em associações. Iniciou na Inglaterra, na França e nos Estados Unidos. Eram associações de trabalhadores em geral, a seguir, de ofícios específicos. Alastrou-se, então, pelo mundo os movimentos de reinvidicação de melhores salários e de condições de trabalho.
No dia 1º de maio de 1886 ocorreu uma grande manifestação de trabalhadores em Chicago, nos EUA, que objetivava obter a redução do horário de trabalho para oito horas diárias. Nesse dia iniciou-se uma greve geral, que culminou em graves escaramuças entre os trabalhadores e a polícia, mais agitadores contratados pelos patrões. Foi um conflito sangrento, onde resultaram dezenas de mortos e feridos. Alguns trabalhadores foram presos, julgados e condenados. Quatro foram enforcados, um suicidou-se na prisão e três foram condenados a longos anos de prisão. Em 1890 a Internacional Socialista, reunida em Paris, decidiu eleger o dia 1º de maio como o dia de luta pelos direitos trabalhistas. Esse dia passou a ser uma data universal em homenagem aos trabalhadores. Curiosamente, não o é nos Estados Unidos, onde o “Labor Day” é comemorado na primeira segunda-feira de setembro.
No Brasil aconteceu um fenômeno; quando os trabalhadores quiseram se organizar em sindicatos, e o fizeram, houve uma forte intervenção do Estado, através do Presidente Getúlio Vargas. Visando impedir a propagação de ideais socialistas, Getúlio organizou o trabalho, dando aos trabalhadores direitos, antes que eles os pedissem. Instituiu o salário mínimo em 1940, a CLT em 1943 e dezenas de outros direitos. Discute-se hoje, sobre a “rigidez” dos direitos do trabalho. Cogita-se de uma flexibilização. O momento é delicado, pois a automação e a informatização exercem forte influência no mercado de trabalho, substituindo a mão-de-obra humana. Patrões e empregados têm muito a refletir, sentar e conversar. Talvez tenhamos que mudar nossos conceitos sobre muita coisa. E o dia 1º de maio é uma boa ocasião para isso.