Para conscientizar a população sobre os problemas de dar esmolas, o Governo de Criciúma, por meio da Secretaria da Assistência Social e Habitação, lança, nesta quarta-feira, às 16h, no Paço Municipal Marcos Rovaris, a campanha “Sua Esmola Mantém Ele na Rua”, em parceria com a Polícia Militar e Câmara Municipal.
O secretário municipal da Assistência Social e Habitação, Bruno Ferreira, abordou com a reportagem do OCP News Criciúma alguns tópicos sobre a temática. Confira:
Arrecadações surpreendentes
“Quando acontece as abordagens de rua, nós temos uma equipe de educadores sociais que trabalham todos os dias de segunda a segunda. Em uma das abordagens nós identificamos um pedinte recebendo de um motorista o valor de R$ 10. Conversamos com ele que informou que recebe entre R$ 300 a R$ 400 por dia, mostrando-nos um comprovante de depósito que ele fez para a esposa e mais uma nota de R$ 50 em seu bolso. E nós não podemos duvidar, porque hoje no semáforo ninguém mais dá R$ 0,50, R$ 1. As pessoas dão R$ 5, R$ 10, e se ficar o dia inteiro, a possibilidade é grande de conseguir esse valor.”
Rotatividade
“Criciúma geograficamente está localizada entre duas capitais: Florianópolis e Porto Alegre. Nós já temos uma fama de sermos um cidade hospitaleira, com povo solidário. Então as pessoas vem para cá, às vezes nesse trânsito de uma capital a outra, param e aqui permanecem, porque a população é solidária”.
Encaminhamentos
“Aqui em Criciúma, nós temos a República, que é a Casa de Passagem, mas não é hotel! Ali nós damos para eles um período de sete dias. Chegando na cidade e não tem aonde ficar, pode ficar ali. Durante à noite dormem ali e durante o dia saem para procurar emprego. A pessoa conseguindo o emprego, nós deixamos ela ficar ali mais um mês, até receber o primeiro salário. O encaminhamento para uma comunidade terapêutica é facultativa, e não obrigatória, e muitos não aceitam. Eles não querem ser encaminhados. Querem permanecer naquele local, na rua aonde estão, e nesse caso, é um direito deles”.
Número de pedintes
“Conforme o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), nos últimos quatro anos aumentou 28% o número da população em situação de rua no Brasil. Criciúma, comparada a outras cidades com o mesmo número de habitantes no estado, tem uma situação controlada. Resolvida não está! Tem um número razoável. Hoje nós temos de cerca de 140, 150 transitando. Antes da pandemia, no ano de 2021, que era um período pandêmico ainda, mas era no início, era em média 70, 80. Hoje já estamos passando a barreira de 120, 130, 140”.
Destino da esmola
“Diferente das grandes cidades como São Paulo, Porto Alegre, aonde a população em situação de rua são muitas vezes aquelas pessoas que perderam a casa, que foram despejadas, aqui em Criciúma não podemos generalizar. Mas 99% deles são usuários de entorpecentes. Então o dinheiro é para a compra de drogas. Por isso, essa campanha é uma campanha de conscientização da população, que o nome já traz, é bem sugestivo: “A SUA ESMOLA MANTÉM ELE NA RUA”. Às vezes as pessoas querem ajudar, se sensibilizam, dão o dinheiro, mas estão financiando o tráfico, o roubo, porque o tráfico acarreta outros crime. Então a gente pede que a população não faça doação de esmola no semáforo, que o poder público, o município de Criciúma, faz esse trabalho dando encaminhamentos”.
Saiba Mais
A Secretaria Municipal da Assistência Social e Habitação atende a população em situação de rua em suas necessidades básicas imediatas, promovendo a inserção na rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas, porém, nem todos aceitam os atendimentos.
“Muitas vezes, devido à falta de informação, acabamos acreditando que ajudar com uma moeda é a melhor forma de contribuir para a vida dessas pessoas. Na realidade, é bem diferente: o dinheiro arrecadado, por exemplo, pode financiar o crime organizado”, ressalta Ferreira.
O objetivo da campanha é conscientizar as pessoas, por meio de materiais informativos, que, em vez de fazer doações, as pessoas orientem quem está em situação de vulnerabilidade social a procurar apoio nos serviços oferecidos pelo município de Criciúma.
“É preciso enxergar além do momento e pensar em soluções a longo prazo, como ações sociais que possam ajudar a resgatar a dignidade e a autonomia dessas pessoas”, finaliza o secretário.
Serviços em prol da população em situação de rua
Os serviços à disposição da população em situação de rua funcionam normalmente de Criciúma. São estes: Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), República e Abordagem Social.
“Quem desejar ajudar de alguma forma, pode fazer a doação em nossos equipamentos que encaminharemos para as famílias cadastradas”, informa Ferreira.
Centro Pop
Aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, o Centro Pop, localizado na rua Martinho Lutero, 179-325, serve café da manhã e dispõe de vestuários, sanitários, higiene pessoal, local para armazenamento de pertences e emissão de documentos.
República
A República, localizada na rua Giácomo Sônego Neto, 415, bairro Pinheirinho, funciona 24 horas, em todos os dias da semana. A estrutura tem capacidade para atender 40 pessoas e possui dormitórios, refeições e higiene pessoal à disposição dos usuários.
Central do Emprego
A Central do Emprego está localizada na Galeria do Terminal Central, Sala 16, e é um serviço que auxilia no encaminhamento ao mercado de trabalho. As pessoas também podem obter informações sobre as vagas disponíveis e cadastrar o currículo pelo site empregos.criciuma.sc.gov.br.
Abordagem Social
No serviço de Abordagem Social, os educadores circulam pelas ruas da cidade, orientando a população em situação de rua sobre os serviços oferecidos pela Secretaria Municipal da Assistência Social e Habitação.
Fonte: OCP News