A emancipação da mulher se dá em todos em setores, em alguns com mais rapidez, em outros com menos, e esse movimento chega também as agricultoras. Muitas delas dirigem agroindústrias familiares na Região, enfrentando, como todas as trabalhadoras, a dupla jornada, mesmo assim, fazendo o que amam.
Iara Cezário Pereira é neta e filha de agricultores, porém, o destino a levou a ser costureira. Não era o que queria, e o jeito então era dar novo rumo a própria vida. Voltou para o campo, fez vários cursos realizados pela Epagri e começou uma pequena panificação junto com a lavoura.
O início foi difícil, mas hoje Iara é membro da CooperSombrio, cooperativa de agricultores de Sombrio, para quem produz, e está cursando Gestão em Agronegócio na Unesc. “No campo, o papel da mulher era cuidar da casa, dos filhos e ajudar na roça. Agora ela é empoderada, só que tem que levantar e correr atrás do seu espaço”, diz.
A extensionista da Epagri de Praia Grande, Lílian Maria, tem percebido a participação das mulheres agricultoras mais expressiva. “Trabalhar, a mulher sempre trabalhou par a par com o homem. O que ela não tinha era o poder de decisão. Em casa, ela até discute as questões da propriedade, mas para ir no banco, por exemplo, é o marido quem vai”, explica.
Sandoval Ferreira, da Epagri de Sombrio, confirma que a mulher tem sido mais protagonista, e às vezes, é preciso mudar a estratégia para alcançar os objetivos nas propriedades. “Nós fazíamos reunião com os produtores de leite, e a situação não evoluia. A questão é que atividades como a higiene na ordenha, quem faz é a mulher. Quando elas passaram a ir às reuniões, deu certo. Quando as mulheres participam dos encontros, a mudança é mais acelerada”, acredita Sandoval.
Os extensionistas lembram que existe um impedimento real para a participação do casal junto em eventos como dia de campo e cursos de qualificação. Nem sempre é possível os dois deixarem o trabalho no campo ao mesmo tempo, alguém tem que permanecer trabalhando. Nesses casos, o melhor, pondera Lílian, é que haja revezamento, com participação em alguns casos do marido e em outros da mulher.