Nos últimos anos, o Brasil tem vivenciado um acirramento político preocupante, com a ascensão de grupos extremistas tanto da direita, quanto da esquerda. Tais grupos polarizaram os debates públicos, distorcendo as prioridades da agenda nacional e enfraquecendo o diálogo democrático. O resultado é um país atolado em conflitos de todas as ordens, onde até a cor da roupa que o cidadão veste pode acarretar em olhares estranhos para ele.
O extremismo político não é novidade na história mundial, mas no Brasil, suas consequências foram especialmente pontiagudas. A exacerbação de ideias radicais cria uma atmosfera de desconfiança e hostilidade, afastando a sociedade de discussões construtivas. De um lado, grupos de extrema direita clamam por intervenções autoritárias e promovem discursos que colocam em xeque instituições democráticas. Por outro lado, movimentos de extrema esquerda insistem em propostas que muitas vezes ignoram os limites da realidade econômica, institucional, e principalmente moral do país.
Essa polarização tem efeitos diretos na governabilidade e no desenvolvimento nacional. A busca por consenso e pela construção de políticas públicas eficientes não será recuperada por discursos inflamados e confrontos inúteis. Enquanto a política se transforma em um palco de guerra ideológica, questões fundamentais, como educação, saúde, e segurança ficam à deriva.
A polarização também contamina as redes sociais, onde o debate público é frequentemente dominado por notícias falsas, insultos e desinformação. Essas plataformas, que poderiam servir como espaços de diálogo e conscientização, tornam-se campos de batalha onde prevalecem as opiniões mais estridentes, em detrimento de um projeto de construção nacional.
O prejuízo para a população é evidente. Problemas urgentes, como a desigualdade social, o desemprego, a precariedade dos serviços públicos e a crise climática, são ofuscados pela discussão sobre símbolos e ideologias. Políticos e líderes públicos, pressionados por suas bases mais radicais, acabam promovendo pautas que atendem a nichos específicos em vez de buscar soluções para os desafios coletivos. Esse comportamento agrava a sensação de desequilíbrio democrático, gerando um desconforto emocional constante junto a sociedade, ameaçando a coesão social. A polarização nos fragmenta, alimentando o ódio entre grupos com diferentes visões de mundo. Essa divisão enfraquece o que o Brasil tinha de mais belo em sua configuração social, que era o respeito a diversidade.
Para superar essa crise, é fundamental que a população e seus representantes políticos retomem o foco nos verdadeiros problemas do país. É necessário priorizar o diálogo e o debate responsável, deixando de lado as narrativas de confronto que dominam a esfera pública. Líderes políticos e sociais precisam adotar uma postura que valorize o equilíbrio, o respeito às diferenças e foquem na busca de soluções para os reais problemas da nação.
O Brasil tem potencial para crescer e prosperar, mas esse futuro depende da capacidade de nossa sociedade rechaçar o extremismo e promover um debate público centrado no bem-estar coletivo. A saída para os problemas da Nação não está nos extremos, mas no compromisso com o diálogo e com a construção conjunta de um país verdadeiramente para todos.
Finais
Estrategistas do governador Jorginho Mello (PL) pretendem começar a criar uma bipolarização política entre sua gestão, e o Partido dos Trabalhadores, de modo a cativar a maior quantidade possível de simpatizantes da direita catarinense para sua candidatura. A estratégia, obviamente, não se dá à toa. Jorginho prevê que a candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), ao Governo do Estado, poderá dividir o eleitorado de direita, pondo em xeque seu projeto de reeleição. Ao bater no PT, os simpatizantes do bolsonarismo, assim como os eleitores conservadores de um modo geral, tenderiam mais facilmente a migrar para sua candidatura.
Jorginho Mello, todavia, correrá um risco e tanto se levar este projeto adiante. É que caso ele e João Rodrigues sejam os candidatos que disputarão o segundo turno nas eleições de 2026, os eleitores da esquerda não só votarão, como farão campanha explícita pela candidatura ao governo do prefeito de Chapecó. Ironicamente, João Rodrigues também é um antipetista de carteirinha, mas, para esta circunstância, ao menos ele não está filiado ao PL, que é o principal antagonista do PT em nível nacional e em todos os Estados da federação. Antagonismo, aliás, muito bem pensado por ambas as partes, que lá em cima comem na mesma mesa, enquanto cá embaixo rogamos por seus restos.