Por que tanta água no sul do país?
O sol resolveu voltar aos céus de Santa Catarina nesta segunda-feira, 20. Porém, a chuva ininterrupta do último final de semana fez um grande estrago no Estado e deixou os catarinenses receosos. De acordo com um relatório emitido pela Defesa Civil, 24 municípios registraram ocorrências relacionadas às chuvas e oito decretaram Situação de Emergência (SE). Santa Catarina registrava ainda 117 desalojados e 654 desabrigados, sendo 483 só em Rio do Sul. A pedido do governador Jorginho Mello (PL), o Centro Integrado de Operações (CIOP) foi ativado para monitorar a situação das chuvas e dar o suporte necessário à população e aos municípios atingidos.
Mas é com a volta do sol e redução do nível das águas que se vê o tamanho da destruição causada. Na manhã de ontem, em São João do Sul, havia cerca de 150 pessoas desalojadas e 50 sem poder sair de casa. Outras duas comunidades, Barrinha e Sanga Danta, ainda estavam completamente isoladas. De acordo com a Defesa Civil, ocorreram danos em estradas e cabeceiras de pontes e deslizamentos de encostas. Tivemos rodovias interditadas e bairros completamente alagados.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, a água vem baixando e as pessoas lutam para voltar para casa e ver o que a água e os assaltantes deixaram no lugar. A onda de solidariedade continua, mas o caminho é longo e trabalhoso.
Com tanta água vindo do céu, a impressão que temos é que São Pedro não está muito satisfeito com o sul do Brasil.
Eleições no RS
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), levantou a possibilidade de adiar as eleições municipais no Estado, o que só pode acontecer por meio de emenda constitucional. Ele pontua que levará bastante tempo para que o estado se recupere da enchente das últimas semanas e que uma troca da gestão dos municípios no meio do processo pode trazer não ser o ideal. Os argumentos de Leite fazem sentido, mas também é preciso levar em consideração que essa troca de gestão deverá ocorrer somente no próximo ano e, se todos estão a favor do RS, torcendo por sua recuperação como dizem, esse movimento pode ser até benéfico. Afinal, não seria esta a hora de tentar “sabotar” o concorrente, mas sim, se “aliar” a ele em prol do estado.
Os danos causados às urnas eletrônicas também não é empecilho. De acordo com as informações divulgadas, havia cerca de 15 mil urnas no depósito de Porto Alegre, mas somente cinco mil seriam usadas em outubro. A maioria delas está guardada em prateleiras altas e a possibilidade que elas tenham sido danificadas não é grande.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não cogita, no momento, uma nova data para o pleito no Estado. Isto, sim, poderia a vir prejudicar a reconstrução do estado.
Coleta Seletiva
O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) deflagrou, na última semana, a 2ª fase da Operação “Coleta Seletiva”, que apura irregularidades na prestação de serviços de coleta de lixo reciclável e orgânico residencial. Foram cumpridas sete ordens judiciais de busca e apreensão nas cidades de Trombudo Central, Florianópolis, Joinville, Pouso Redondo e Taió. De acordo com a investigação, o certame para a contratação dos serviços de coleta de lixo teria sido conduzido de maneira a favorecer a empresa vencedora. E enquanto isso, em Florianópolis, a secretária de Limpeza e Manutenção Urbana de Florianópolis, Iris Farias, e seu adjunto, Rodrigo Goulart Leite, pediram exoneração do cargo um mês depois de assumi-lo. A pasta passou a ser de comandada por Ivan Ceola Schneider.
Incentivo à Cultura
O Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) revogou, na última semana, a medida cautelar que suspendia o Programa de Incentivo à Cultura (PIC) e desautorizava a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) a aprovar novos projetos culturais para o recebimento de apoio financeiro em decorrência da falta de transparência dos processos de escolha e da ausência de mecanismos de controle sobre as prestações de contas. Contudo, a decisão do conselheiro-relator Aderson Flores, elencou uma série de medidas a serem adotadas pela FCC.
25ª Marcha a Brasília
Nesta segunda-feira, 20, 95 prefeitos catarinenses embarcaram para a Capital Federal para participar da 25ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. O ponto de encontro dos catarinenses no evento será o estande da Federação dos Consórcios, Associações de Municípios e Municípios de Santa Catarina (FECAM) em conjunto com o Consórcio Interfederativo Santa Catarina (Cincatarina) e o Consórcio de Inovação da Gestão Pública (Ciga). A delegação catarinense, que conta com 117 membros, deverá se reunir hoje com o Fórum Parlamentar Catarinense para expor as maiores demandas dos municípios do Estado. Entre as pautas na programação da 25ª Marcha a Brasília estão a desoneração da folha de pagamentos, o Movimento Mulheres Municipalistas, os desafios dos municípios frente às mudanças climáticas e a reforma tributária.
LIDE SC e RS recebe Ronaldo Caiado em Florianópolis
O governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado, estará em Florianópolis, no próximo 7 de junho, para falar com os líderes dos grupos empresariais dos principais segmentos da economia catarinense, como agronegócio, tecnologia, serviços e varejo. Na pauta: “Competitividade Brasil: Oportunidade e Desafios”. O Grupo Empresarial LIDE RS e SC já recebeu em seus fóruns exclusivos autoridades como Governadores Romeu Zema (MG) e Eduardo Leite (RS). Na agenda do Grupo, ainda para o segundo semestre do ano, painel com o Governador de Mato Grosso do Sul Eduardo Riedel, em Chapecó. Riedel deverá assumir a presidência do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul).
“As cooperativas exercem importante papel, contribuindo com a dinamização da economia e a geração de empregos”
Vanir Zanatta, presidente da Ocesc
Foi eleito este mês o novo presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), Vanir Zanatta. O novo presidente sucede a Luiz Vicente Suzin, que encerrou seu segundo mandato à frente da instituição.
Vanir Zanatta tem 59 anos de idade. É natural de Jacinto Machado (SC). Graduou-se em Ciências Contábeis pela Univille, de Joinville (SC). Em 2006 cursou Gestão de Cooperativas pela Unisul. Pós-graduou-se em Administração pela Unesc. Há 34 anos é presidente da Cooperativa Agroindustrial Cooperja, de Jacinto Machado. É sócio-fundador da Credija (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados Litorânea), a qual presidiu por 14 anos. Também foi fundador e presidente da Acijam (Associação Empresarial de Jacinto Machado).
É presidente da Brazilrice (Cooperativa Central Brasileira de Arroz). Ocupa a vice-presidência da Fecoagro (Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina), é representante do ramo agropecuário das cooperativas catarinenses junto a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e membro na Câmara Setorial do Arroz Nacional pela Brazilrice.
Zanatta também presidirá o Conselho de Administração do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Santa Catarina (SESCOOP/SC) e conversou com a coluna sobre seu futura à frente da entidade.
Pelo Estado – Esta semana foi apresentado o balanço do cooperativismo de Santa Catarina em 2023. Como o senhor avalia os resultados?
Vanir Zanatta – Os resultados são amplamente positivos e animadores. Houve crescimento em movimento econômico, receita operacional, exportações e no quadro geral de cooperados, como chamamos os associados.
PE – Um dos dados mais relevantes é a expansão no número de cooperados, que cresceu 9,6%. A que fator o senhor credita este crescimento?
Vanir Zanatta – Os catarinenses demonstram uma extraordinária vocação para o associativismo. Perceberam que o cooperativismo – que é uma das melhores formas de associativismo – tornou-se um caminho para o desenvolvimento das comunidades e o fortalecimento da economia. Acredito que essa é a explicação para esse fenômeno. Veja que em 2023 o número de associados das nossas 249 cooperativas cresceu quase 10%, com o ingresso de mais de 370 mil pessoas. No conjunto, as cooperativas reúnem, agora, 4,2 milhões de catarinenses, o que representa mais da metade da população barriga-verde vinculada ao sistema cooperativista.
PE – O agro continua sendo o “carro-chefe” do cooperativismo. Porém, a receita operacional em 2023 reduziu em 3% e uma das explicações seria o baixo desempenho no mercado interno. Poderia dar mais explicações sobre este mercado?
Vanir Zanatta – As cooperativas do ramo do agronegócio tiveram um ano muito difícil, com elevação dos custos de produção, queda de preços no mercado internacional e baixo desempenho do consumo no mercado doméstico. Praticamente todos os grupos agroindustriais do setor de alimentos – em especial, os do segmento da proteína animal – tiveram resultados negativos. Mesmo assim, as cooperativas do agronegócio foram, novamente, as mais expressivas na geração de empregos diretos e de receita operacional bruta, respondendo por 64% dos postos de trabalho e também por 64% das receitas globais do universo cooperativista.
PE – A partir desses dados, qual a sua previsão para as cooperativas do agro catarinense? A tendência é manter esse crescimento?
Vanir Zanatta – O ano de 2024 se apresenta com um cenário mais animador, sem indícios de escassez de insumos – especialmente milho e farelo de soja – e com lenta recuperação de preços no mercado internacional. Acreditamos ser possível um crescimento entre 10% e 15% neste período.
PE – Outro dado apresentado no balanço foi o aumento do valor recolhido em impostos. Isso é reflexo do aumento da carga tributária ou esse valor aumentou por causa do aumento do número de cooperativas?
Vanir Zanatta – As cooperativas não gozam de benefícios fiscais, prova disso é que, no ano passado, recolheram R$ 3,4 bilhões aos cofres públicos em impostos sobre a receita bruta, um crescimento de 5% em relação ao exercício anterior. Esse aumento é fruto do movimento econômico e, ainda, não é reflexo da reforma tributária. O número de cooperativas permaneceu estável.
PE – Quais os próximos projetos da Ocesc para o cooperativismo catarinense?
Vanir Zanatta – Desejamos aumentar o protagonismo das cooperativas dos ramos de crédito, agropecuário e saúde, entre outros. Queremos aumentar nossa presença no mercado internacional. Iniciaremos um planejamento estratégico para a Organização e valorizaremos os vice-presidentes como legítimos representantes dos ramos do cooperativismo, tomando decisões estratégicas sempre em conjunto. Vamos reavaliar o regimento interno, criar conselhos consultivos por ramo, implementar o Conselho de Ética, ativar o Conselho Estadual do Cooperativismo (CECOOP) e dinamizar a representação sindical. Vamos prestigiar encontros de jovens e mulheres cooperativistas e o Fórum de Dirigentes Cooperativistas, estimular a sucessão nas propriedades rurais e nas cooperativas e, além disso, fortalecer a Frente Parlamentar do Cooperativismo de Santa Catarina (Frencoop).
PE – Quais serão os principais pilares da sua gestão?
Vanir Zanatta – Estamos iniciando uma jornada que, acredito, será muito gratificante graças à participação dos dirigentes cooperativistas, do corpo técnico do Sistema Ocesc/Sescoop-SC e dos cooperados. Manteremos a honrosa tradição do cooperativismo catarinense de ser uma das locomotivas da economia catarinense, contribuindo para uma sociedade mais humana e fraterna, com alta taxa de desenvolvimento.
PE – O senhor é o primeiro líder cooperativista do Sul de SC a comandar a Ocesc. Como o senhor analisa este cenário do cooperativismo na região?
Vanir Zanatta – É com muita honra e sentimento de responsabilidade que assumo o Sistema Ocesc/Sescoop-SC como o primeiro presidente do sul de Santa Catarina, atribuindo essa eleição a um gesto de generosidade dos meus companheiros dirigentes cooperativistas e a uma homenagem ao sul barriga-verde. As cooperativas exercem importante papel na região, contribuindo com a dinamização da economia e a geração de empregos nas áreas urbanas e rurais.
PE – Seu currículo tem uma vasta experiência no cooperativismo. Como todas estas experiências contribuirão para este novo desafio à frente da Ocesc?
Vanir Zanatta – Acredito que essa experiência, fruto de longa vivência no universo cooperativista, é positiva na medida em que fazemos dela uma aprendizagem contínua e retiramos, humildemente, lições para o exercício dos cargos de direção e comando.
PE – Na sua visão quais são os prós e contras para o desenvolvimento do cooperativismo em Santa Catarina?
Vanir Zanatta – Não existe nenhum fator contrário ao desenvolvimento do cooperativismo em Santa Catarina porque, aqui, há uma cultura associativista muito forte. Ao contrário, só existem fatores de estímulo e incentivo. Temos uma política estadual de apoio ao cooperativismo definida em lei, uma atuante Frente Parlamentar do Cooperativismo e muitas ações que integram todos os setores da economia.