Depois de quase dois anos da instalação, o centro de triagem do coronavírus será desativado em Sombrio. A partir de segunda-feira, dia 21, quem sentir sintomas de Covid deve procurar o posto de saúde do seu bairro.
O anúncio foi feito pelo enfermeiro Willem Daminelli nesta quinta-feira, dia 17, o dia em que completava dois anos do primeiro decreto da pandemia em Santa Catarina. Foi em 17 de março de 2020, que o governo do Estado fechou escolas, estabelecimentos comerciais, centros de lazer e eventos, e colocou os catarinenses em quarentena.
Willem começou a trabalhar no centro de triagem em abril do ano passado, período em que os casos de contaminação voltavam a explodir. Os meses seguintes foram de muito trabalho, até que chegou dezembro, com a situação parecendo melhor. As festas de fim de ano, porém, fizeram novamente lotar os serviços de saúde. “Estava menos preocupante no final do ano, e de repente, no final de dezembro e início de janeiro deste ano, houve um grande crescimento. Chegamos a fazer 180 atendimentos em um dia”.
Na vizinha Balneário Gaivota não foi diferente. A enfermeira Cássia Machado avalia como surpreendente o que aconteceu na virada de 2021 para 2022. Ela explica que no ano passado, os índices de contaminados foram altos até julho, depois começaram a cair.
Voltando a subir rapidamente nas festas de fim de ano. “No nosso município, o último óbito por Covid tinha sido em julho de 2021, e então voltamos a ter agora em fevereiro”, diz. Depois disso, houve nova redução, e na última semana Gaivota contabilizou somente dois casos ativos de coronavírus.
Tem decreto para dor?
Dois anos após o seu primeiro decreto, o governo estadual pode ter publicado o último da pandemia. Entre um e outro, foram 24 meses que mudaram à vida de muita gente, principalmente de quem enfrentou a tragédia em casa.
A dona de casa Lídia Bez estava casada havia 39 anos com Lenoir Trajano Constante. Com ele, teve filhos e netos, até o coronavírus deixar de ser algo que se via na televisão e atingir à família, que mora no bairro São Luiz em Sombrio. Lenoir pegou o vírus e em pouco tempo morreu. Seu óbito foi um dos oito primeiros do município. “Ele era caminhoneiro, saiu de casa para trabalhar e nunca voltou. A funerária só passou com o corpo na frente de casa, e os filhos e netos chorando, tiveram 20 minutos para se despedir”, conta.
Para superar o baque pela perda do marido, Lídia teve o apoio dos parentes, entre eles uma cunhada e comadre, irmã de Lenoir. “Ela me ligava toda semana, era muito parceira. Um dia pegou o corona, foi internada e morreu pouco depois”, lamenta.
Para quem viveu e ainda vive o luto provocado pela pandemia, não existe governo que possa decretar o fim do sofrimento. Mas ao menos a esperança se fortalece.