Principal fato político da semana, até agora, é o anuncio do comando nacional do Republicanos, dando conta que o partido, em Santa Catarina, sairá das mãos do ex-governador Carlos Moisés da Silva, e passará para as mãos do deputado federal Jorge Goetten, eleito em 2022 pelo PL. Um acordo costurado pelo governador Jorginho Mello possibilitará que Goetten deixe o PL e assuma o Republicanos sem o risco de perda de mandato por infidelidade partidária.
Em Santa Catarina, o principal aliado do Republicanos era o PSD, do ex-governador Raimundo Colombo. A partir de agora passará a ser o PL, do atual governador Jorginho.
Em nossa região, há três situações bem pontuais que merecem destaque, por conta desta guinada do Republicanos. A primeira é em Araranguá, onde o partido é aliado do prefeito César Cesa (MDB), e já manifestou apoio a seu projeto de reeleição. É muito provável que o novo comando estadual do Republicanos force uma aliança com o PL, que terá como candidata ao Executivo Municipal Andressa Ribeiro. Trata-se de uma situação bastante complexa de ser equacionada, já que o comando do Republicanos tanto em Araranguá, quanto na região, está nas mãos do ex-vereador do município, Marco Antônio Mota, o Motinha, filho do ex-deputado estadual Manoel Mota (MDB). Motinha foi vereador pelo MDB, e mantém uma fina sintonia com a gestão de César Cesa. Se o Republicanos for forçado a apoiar Andressa, fatalmente haverá uma debandada da legenda na Cidade das Avenidas. A situação é ainda mais complicada para o vereador Luiz José de Souza, o Luiz da Farmácia, que em março deixou o PL e se filiou ao Republicanos. Na prática, ele saiu da oposição e foi para a situação, visando apoiar o prefeito Cesar Cesa. Agora poderá ser obrigado a estar no palanque de Andressa Ribeiro.
Em Sombrio, o projeto do Republicanos também poderá ter que mudar. O partido está aliado ao Progressistas, que tem como pré-candidato a prefeito o vereador Peri Soares. O PL, por sua vez, está apoiando a pré-candidatura da prefeita Gislaine Dias da Cunha (MDB). É muito provável que agora o Republicanos tenha que declarar apoio a Gislaine, que já foi assessora de Jorginho Mello, à época em que ele era senador.
Em Praia Grande, outro imbróglio. O Republicanos tem mantida acessa a pré-candidatura a prefeito do ex-prefeito Henrique Maciel, que em verdade é apenas um balão de ensaio para que ele, mais tarde, anuncie sua disposição de concorrer como candidato a vice-prefeito do ex-vereador Adelírio Monteiro, que disputará o Executivo pelo MDB. O PL, por sua vez, está aliado ao prefeito Fanica Machado, postulando a vaga de vice dele. Na mesma toada, é provável que o Republicanos seja forçado a se afastar da candidatura emedebista, e se aproximar da candidatura progressista.
Finais
- Prefeito de Balneário Gaivota, Kekinha dos Santos, acredita que seu projeto de reeleição irá contar com seis partidos aliados, podendo chegar a sete. Além do PSDB, que é o seu partido de filiação, e do PL, que é o partido do vice-prefeito Jonatã Coelho, a aliança deve contar com a participação do PRD, PSB, Republicanos e União Brasil. No embalo, também estão sendo feitas tratativas com o PDT, que na eleição de 2020 apoiou Kekinha, mas logo em seguida mudou de comando e foi para a oposição. O prefeito, no entanto, mantém um bom diálogo com os lideres do PDT municipal, como também com o deputado estadual Rodrigo Minotto (PDT). Kekinha já foi vereador pelo PDT, partido onde militou por 19 anos, o que acaba facilitando o entrosamento com a legenda brizolista.
- Já diziam os antigos que, em política, até vaca voa. É mais ou menos isto o que está acontecendo em dois municípios de Santa Catarina, onde o Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula da Silva, e o Partido Liberal, do ex-presidente Jair Bolsonaro, estão no comando do Executivo Municipal. Os dois municípios ficam no Extremo Oeste do Estado. São eles, Anchieta, que conta com seis mil habitantes, e São Miguel da Boa Vista, que conta com 1780 habitantes. Nos dois casos, o prefeito é filiado ao PT, e o vice-prefeito é filiado ao PL. O interesse público, no entanto, deverá ser deixado de lado tão logo comece o período eleitoral, já que nem o comando nacional do PT, nem o do PL, admitem coligação com o outro partido. Diante de Outubro, cada macaco deverá voltar para seu galho.