A já esperada condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo Supremo Tribunal Federal, coloca de vez uma pá de cal sobre as especulações relacionadas a uma possível candidatura sua ao Palácio do Planalto no ano que vem. Por conseguinte, chancela a abertura de campo para que outros nomes da direita nacional se articulem, objetivando ocupar o espaço que será deixado em aberto pelo ex-presidente.
Há uma série de nomes dispostos a representar o bolsonarismo nas urnas em 2026, a começar pelos próprios integrantes da família Bolsonaro, a exemplo da ex-primeira dama, Michele Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro, atualmente autoexilado nos Estados Unidos. Afora eles dois, que são filiados ao PL, há um rosário de outros nomes, oriundos de outros partidos, dispostos a disputar a Presidência representando o viés ideológico de direita, a exemplo dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Rep), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) e de Goiás, Ronaldo Caiado (União).
No que diz respeito a Eduardo Bolsonaro, ele sequer deverá voltar ao Brasil nos próximos anos. Pelo menos não enquanto o STF não for reformulado. Apontado como o principal articulador das sanções econômicas impostas ao Brasil pelos Estados Unidos, Eduardo seria facilmente preso sob o argumento de ter conspirado contra os interesses na nação. Em relação a Michele Bolsonaro, sua falta de experiência política é seu grande calcanhar de Aquiles. Em uma disputa extremamente difícil contra o presidente Lula da Silva (PT), Michele fatalmente seria traída por líderes do Centrão, que nos bastidores se irmanariam ao projeto de reeleição petista. Jair Bolsonaro sabe disto e não vai querer arriscar sua única chance de reverter sua condenação, que é através do perdão presidencial.
Dos demais postulantes ao Palácio do Planalto pela direita, se ressalta de forma bastante exponencial o governador Tarcísio de Freitas, que nas pesquisas de intenção de votos, realizadas até agora, abre dez pontos percentuais de diferença em relação a Lula no Estado de São Paulo. Isto significa dois milhões e meio de votos a mais para Tarcísio, em um confronto direto com Lula, no segundo turno da eleição presidencial em São Paulo. Pelas pesquisas, Tarcísio conseguiria manter os mesmos percentuais alcançados por Bolsonaro, em seu Estado, em 2022, algo que nenhum outro pré-candidato da direita alcançaria.
É claro que Bolsonaro só irá abençoar a candidatura de Tarcísio de Freitas se ele migrar do Republicanos para o Partido Liberal, que é o que deverá acontecer. A partir daí começará a briga para a indicação do vice de Tarcísio, que poderia ser, de fato, Michele Bolsonaro, ou, de forma mais prudente, alguém ligado ao Centrão, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Observe que a presença física de Ratinho Júnior na chapa de Tarcísio de Freitas não agrega quase nada junto a grande massa eleitoral. Todavia, ele é um legítimo representante daqueles políticos que vivem em cima do muro, tentando levar vantagens deste ou daquele lado. Políticos que não teriam restrições a Lula, mais que prefeririam Tarcísio justamente por conta da presença de Ratinho.
Finais
Sem dúvidas, diante das atuais circunstâncias, Tarcísio e Ratinho Júnior formam a dupla ideal para o meio político que vai do pensamento ideológico de centro, até a extrema direita. Tecnicamente, no entanto, a melhor dupla para enfrentar Lula seria a composta por Tarcísio e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que por sua vez governa um Estado com 12% dos eleitores do país. Eleitoralmente, Ratinho Júnior não soma praticamente nada a uma candidatura de oposição a Lula. No Sul do Brasil, os eleitores de Tarcísio e Lula seriam praticamente os mesmos, independentemente do vice do governador paulista. Romeu Zema, todavia, pode fazer a diferença, já que seu Estado vive em uma gangorra eleitoral, ora votando na direita, ora votando na esquerda. Sua presença na chapa de Tarcísio fatalmente atrairia a grande massa eleitoral mineira, desequilibrando a eleição em desfavor de Lula.
Encontro estadual do PSD, realizado ontem à noite em Balneário Camboriú, contou com a presença de várias lideranças do União Brasil, dentre elas o presidente estadual da legenda, o deputado federal Fábio Schiochet, e o ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro. O namoro do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, que é pré-candidato ao Governo do Estado pelo PSD, com o União Brasil, não é de hoje, diga-se de passagem. Vale ressaltar que o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), foi sondado até mesmo para se filiar ao Progressistas, que compõe uma federação partidária com o União Brasil, objetivando concorrer como candidato a vice de João Rodrigues. Este contexto contemplaria uma vaga de candidatura ao senado para Esperidião Amin (PP). Por enquanto, no entanto, o Progressistas está preferindo apostar suas fichas em uma aliança com o governador Jorginho Mello (PL).