Governador Jorginho Mello (PL) é franco favorito para vencer a disputa pelo Governo do Estado ano que vem, com grandes chances de liquidar a fatura ainda no primeiro turno do pleito eleitoral. Além da chancela do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em um Estado francamente bolsonarista, o governador também deverá contar com o apoio do MDB, do Republicanos e da federação União Progressista, que congrega o União Brasil e o Progressistas. Por conta de sua proximidade com o prefeito de Joinville, Adriano Silva, Jorginho também vislumbra a possibilidade, ainda que remota, de ter o Novo apoiando seu projeto de reeleição.
Em princípio, o embate com o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), parece francamente desproporcional, havendo muitos que ponham em dúvida, até mesmo, a candidatura do pessedista ao governo catarinense.
Há uma série de observações, neste cenário, no entanto, que precisam ser apontadas, de modo a fazer com que as coisas fiquem mais claras do que parecem ser. O primeiro ponto diz respeito ao bolsonarismo propriamente dito. Ao contrário de 2022, Jorginho não terá sua imagem vinculada a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro, o que é um prejuízo significativo para o governador. Não à toa ele tem se esforçado para trazer a maior quantidade possível de partidos para sua aliança política, bem ao contrário do que sempre pregou os princípios do próprio bolsonarismo.
O segundo ponto a ser observado é que a esquerda, muito provavelmente, rompa a casa dos 20% dos votos na eleição estadual, principalmente se o candidato ao governo não for do PT. Paralelo a isto, convém observar que na última pesquisa estadual, realizada pelo Instituto Neokemp, no final de setembro, João Rodrigues emplacou 27% dos votos válidos. Em princípio, parece bastante plausível imaginar que a esquerda, no segundo turno, convergirá para João Rodrigues, e não para Jorginho, que continuará representando o bolsonarismo. Em uma simples equação aritmética, João Rodrigues e a esquerda já somariam 47%.
Por óbvio que 47% não vence a eleição. Em um cenário como este Jorginho ainda teria 53%. É muito importante observar, todavia, os bastidores da política catarinense. O MDB, por exemplo, mais uma vez está rachado, e pelo menos um terço das lideranças do partido deverá fechar com João Rodrigues.
Finais
O terceiro ponto, e talvez o mais crucial a ser observado, está ligado ao futuro político da deputada federal Carol de Toni, que tem se autoproclamado candidata ao Senado, mesmo com Jorginho Mello falando de forma reiterada que não há espaço para ela disputar o cargo de senadora pelo PL. O fato é que, se Carol concorrer ao Senado pelo PL, Jorginho Mello perde o apoio da federação União Progressista, e empurra o União Brasil e o Progressistas para junto de João Rodrigues. Por outro lado, se não tiver espaço para concorrer ao Senado pelo PL, é a deputada que deverá ir para o lado de João Rodrigues, provavelmente para disputar o Senado filiada ao Novo.
Grande parte da dor de cabeça do governador Jorginho Mello responde pelo nome de Carlos Bolsonaro. A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de empurrar seu filho goela abaixo, para ser candidato ao Senado pelo PL de Santa Catarina, desmontou com a coligação que era almejada pelo governador. Seu projeto consistia em ter o MDB como seu vice e Carol de Toni e Esperidião Amin (PP) disputando o Senado por sua coligação. Carlos tirou o espaço de Carol e colocou uma grande pulga atrás da orelha de Amin, que vai pensar dez vezes antes de se lançar candidato ao Senado, se Carol também o for, por outro partido.