MDB catarinense tem caminhado a passos largos para seu esfacelamento estadual. Tudo começou há 15 anos, quando na eleição de 2010, mesmo tendo homologado o nome de Eduardo Moreira para concorrer ao Governo do Estado, o partido preferiu voltar atrás e apoiar o projeto do então senador Raimundo Colombo (PSD), de chegar ao comando da governadoria catarinense. O próprio Eduardo acabou concorrendo como vice de Colombo, repetindo a dose em 2014, em duas eleições vitoriosas, mas para o PSD, não para o MDB.
Em 2018, o MDB parecia finalmente ter retomado seus brios. A divisão interna na legenda, no entanto, ficou evidenciada com a falta de apoio do grupo liderado por Eduardo Moreira a candidatura ao governo do então deputado federal Mauro Mariani. Com o MDB rachado, e em meio à primeira onda Bolsonaro, Mariani sequer chegou ao segundo turno, e, a partir de então, sumiu do cenário político estadual.
Em 2022, novo racha no partido, que, por incrível que pareça, decidiu em convenção não apoiar o projeto de candidatura ao Governo do Estado do empresário e ex-prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, preferindo indicar o ex-prefeito de Joinville, Udo Döhler, como candidato a vice do então governador Carlos Moisés da Silva, à época filiado ao Republicanos. Como saldo, a dupla sequer conseguiu chegar ao segundo turno. Se tivesse chego teria perdido de lavada.
Para 2026, o destino do MDB não está soando nada diferente. De cara o partido não tem construído um projeto de candidatura ao governo. Se fosse construir, ele também não daria certo, por conta das divisões internar na sigla. Em princípio, o MDB está apostando que indicará o candidato a vice do governador Jorginho Mello (PL). O problema é que a maioria do PL não quer o MDB de vice, por conta do viés de esquerda que norteia o partido no Estado. A deputada federal Carol De Toni é uma das que critica abertamente esta possibilidade. Paralelo a isto, a federação União Progressistas, e uma ala do PSD, tem conversado com Jorginho Mello tentando viabilizar a abertura de espaço majoritário em sua chapa, que poderia ser justamente a candidatura a vice-governador. Com a decisão do PL de lançar dois candidatos ao Senado Federal, a vaga de candidato a vice de Jorginho Mello será objeto de uma profunda análise matemática, antes de ser ofertada a qualquer partido, seja ele qual for. Jorginho vai precisar ser assertivo, o que acaba não colocando o MDB em uma situação de tranquilidade, pois boa parte do partido já tem manifestado apoio à candidatura de João Rodrigues (PSD), ao Governo do Estado, o que tem deixado os liberais muito irritados.
Tudo isto está acontecendo, no entanto, por única e exclusiva responsabilidade do MDB, que está indo para a quinta eleição estadual seguinte sem um projeto próprio. Por conta do ego de seus principais líderes, prefere perder do que construir um projeto que devolva ao partido a grandeza de outrora.
Finais
E na onda do desmonte do PSDB em nossa região, praticamente todas as lideranças de expressão do partido, em Praia Grande, migraram para o PSD, a exemplo, também, dos principais líderes do Republicanos do município. O PSDB possui dois vereadores na Câmara Municipal de Praia Grande, que migrarão para o PSD durante a abertura de janela de transferência partidária, em março de 2028, ou no caso de fusão dos tucanos com outro partido, ou incorporação da legenda por outro partido. Como o PSD já possui um vereador, o partido equivalerá seus assentos no legislativo municipal ao MDB e ao Progressistas. Sob a batuta do presidente da Ceprag, a Cooperativa de Eletricidade de Praia Grande, Patrique Alencar Homem, o PSD caminha a passos largos para indicar um candidato a prefeito em 2028, com o apoio do prefeito Fanica Machado (PP). Em vários outros municípios da região o PSDB também tem perdido seus filiados para outros partidos.
Deputado federal Ricardo Guidi, que deixou o PSD ano passado e se filiou ao PL para concorrer à Prefeitura de Criciúma, deverá disputar a reeleição pelo partido. Trata-se de uma decisão para lá de corajosa, levando-se em conta que o parlamentar vai bater de frente com os projetos de reeleição da deputada Júlia Zanatta e do deputado Daniel Freitas, ambos do PL. Em 2022, pelo PSD, Guidi conquistou 74 mil votos. A votação teria o elegido também pelo PL. Todavia, na eleição passada ele contou com o apoio de praticamente todo o PSD do Sul do Estado, que ano que vem trabalhará pela eleição do deputado estadual Júlio Garcia à Câmara Federal. Muito provavelmente, Guidi está apostando que com o aumento de 16 para 20 deputados federais em Santa Catarina, o PL conseguirá ampliar sua bancada federal. Esta é a única explicação para justificar tamanho risco a ser corrido pelo deputado, diante de 2026, que poderia simplesmente concorrer a estadual, em um projeto político bem mais sólido.