Presidente do PL nacional, Valdemar Costa Neto, confirmou ontem que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deverá se filiar ao seu partido caso venha disputar a Presidência da República no ano que vem. Eleito governador em 2022 pelo Republicanos, Tarcísio teria tratado deste tema, também, com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Com Bolsonaro fora da corrida eleitoral de 2026, por conta de seu estado de inelegibilidade, e com Tarcísio figurando nas pesquisas de intenção de votos como um dos melhores nomes para enfrentar o projeto de reeleição do presidente Lula da Silva (PT), é muito provável que este, de fato, seja o caminho a ser tomado pelo governador paulista. Este cenário, se concretizado, terá reflexos diretos nas eleições em Santa Catarina.
Ocorre que o presidente do PSD nacional, Gilberto Kassab, que é Secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, já disse que seu partido apoiará o projeto presidencial do governador Tarcísio.
Estes desdobramentos colocam o PL e o PSD no mesmo palanque eleitoral em nível nacional no ano que vem, e, por conseguinte, em todos os Estados do país, o que inclui, por óbvio, Santa Catarina. Na prática, confirmada a candidatura de Tarcísio de Freitas à Presidência pelo PL, o PSD catarinense precisaria apoiá-lo, como também apoiar a candidatura do governador Jorginho Mello (PL), à reeleição.
Um desdobramento deste nível sepultaria a candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, ao Governo do Estado pelo PSD. Nada impede que ele se filie a um outro partido para concorrer a governadoria, todavia, isto não poderia se dar por sua atual legenda.
O problema de João Rodrigues é que suas opções para uma nova filiação são bastante restritas. A federação União Progressista, por exemplo, que congrega o União Brasil e o Progressistas, também apoiará o projeto nacional do PL, e do mesmo modo, por conseguinte, o projeto de Jorginho Mello em Santa Catarina. Pelo menos, em nível nacional, o alinhamento com o movimento bolsonarista ficou bastante claro no último dia 19, quando foi oficializada em Brasília a federação entre os dois partidos. Em havendo um alinhamento nacional, por força da legislação eleitoral, também é necessário que haja o alinhamento dos partidos nos Estados. Sendo assim, João Rodrigues não poderia se filiar ao União Brasil ou ao Progressistas para disputar o governo. A ida para o Republicanos, outro partido alinhado com a direita nacional, da qual João Rodrigues é adepto, também está inviabilizada, por conta da precoce manifestação de apoio do partido a Jorginho Mello. O que sobraria para o prefeito de Chapecó são os partidos nanicos, todos eles sem capilaridade eleitoral.
Diante da possibilidade destes fatos, o mais provável é que João Rodrigues desistisse de sua candidatura ao governo, permanecendo em seu atual cargo, ou, talvez, buscasse espaço para concorrer ao Senado Federal pela aliança majoritária que será montada pelo governador Jorginho Mello.
O melhor cenário para João Rodrigues seria a permanência de Tarcísio de Freitas no Republicanos para concorrer à Presidência, com o PL também lançando candidato. Com isto o Republicanos catarinense não poderia apoiar Jorginho Mello, e o PSD também não o apoiará, pois estará sintonizado com Tarcísio. Em um cenário como este o prefeito chapecoense teria reais chances de ganhar o governo, pois a federação União Progressistas provavelmente também estaria aliada a Tarcísio em nível federal e a ele, João Rodrigues, em nível estadual.
Finais
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, requereu ao Ministério da Justiça a extradição de Eduardo Tagliaferro, seu ex-assessor no Tribunal Superior Eleitoral. Eduardo, que atualmente mora na Itália, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, na última sexta-feira, pelo vazamento para a imprensa de conversas entre servidores do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral. Tais servidores assessoraram diretamente Alexandre de Moraes em 2024, ano em que ele presidiu o Tribunal Superior Eleitoral e esteve à frente do comando das eleições daquele ano. Eduardo Tagliaferro foi acusado dos crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação penal sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em princípio, o ex-assessor diz ter provas robustas “de coisa fraudulentas” feita por Alexandre de Moraes enquanto presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Empresa Paraná Pesquisas divulgou levantamento realizado entre os dias 17 e 21 de agosto, com foco na disputa presidencial do ano que vem. De acordo com a empresa, foram ouvidas 2.020 pessoas, em 163 municípios do país. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança de 95%. Na pesquisa espontânea, que é quando o entrevistado não tem acesso aos nomes dos candidatos, o presidente Lula da Silva (PT), figura com 20,4% das intenções de votos, contra 19,8% do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e 1,3% do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (REP). Outros nomes somaram 3,5% e votos brancos, nulos e indecisos somaram 55%. Em um confronto direto, no primeiro turno, entre Lula e Michele Bolsonaro, o presidente figura com 35,1% e a ex-primeira-dama com 29,8%. Também no primeiro turno, contra Tarcísio de Freitas, Lula tem 35,1% e o governador de São Paulo 24,5%. Já contra Bolsonaro, Lula teria 34,8% e o ex-presidente 35,2%.