Sombrio/Lima
Mesmo sem querer, um sombriense está sendo testemunha de um momento difícil, complexo e que deve entrar para os livros de história do Peru.
Jerônimo Gabriel da Cunha Medeiros saiu de Sombrio rumo ao país andino (cortado pela Cordilheira dos Andes), acompanhado pela namorada, para conhecer a família dela, que é peruana.
Chegou ao Peru no dia 6 de dezembro, e no dia seguinte, começava uma grave crise no país, que levou a prisão do presidente Pedro Castillo. De lá para cá, manifestações violentas e a ação da polícia culminaram na morte de pelo menos 20 pessoas, a maioria jovens.
Há quase dois meses, tensão, dificuldade de locomoção e incertezas acompanham a população nativa e os turistas. “Presenciei algumas situações assustadoras. Se as pessoas estão na rua ou em um restaurante e os manifestantes passam, todo mundo sai correndo da rua, as portas dos comércios são fechadas. Depois fica muita sujeira e destruição. A gente pensa: meu Deus, o que aconteceu aqui”, conta Jerônimo.
O jovem brasileiro foi inicialmente para a cidade de Cuzco, onde acabou tendo que permanecer mais tempo do que havia planejado, devido a falta de transporte e bloqueio de estradas. “Acabei gastando mais, e tem muitos aqui nessa situação”.
O grande desejo da maioria dos turistas que vai ao Peru é conhecer a cidade lendária de Machu Picchu. Jerônimo ainda não conseguiu ir até lá, pois o parque que guarda as belas construções tem ficado quase sempre fechado a visitação. No dia 21 de janeiro, o governo fechou a entrada de Machu Picchu por tempo indeterminado devido aos protestos. O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura com a justificativa de proteger os turistas e o patrimônio histórico que atrai viajantes do mundo inteiro.
O sombriense agora se encontra na capital Lima, onde as manifestações também acontecem, porém, atingem menos a rotina dos moradores locais.
Jerônimo relata que um dos episódios mais tensos que passou se deu em uma grande avenida, aparentemente segura. Por volta de 8 horas da noite, ele e a namorada transitavam pelo local quando perceberam que estavam em uma espécie de ‘zona de guerra’. Em um pontos da avenida, uma grande quantidade de jovens estavam em volta de fogueiras que impediam o tráfego, bebendo e com pedras nas mãos. Não havia outra passagem, e por sorte outras pessoas que também passavam por ali apareceram e todos passaram sem problema, mas temendo qualquer reação.
Apesar dos sustos, Jerônimo deve permanecer mais alguns dias no Peru antes de voltar para casa.