A Dpcami, Delegacia da Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso, de Araranguá, está completando 33 anos de existência e para marcar a data, um vídeo produzido pela Post TV de Araranguá, foi gravado com as agentes da delegacia para falar sobre seu trabalho junto ao combate à violência.
O sentimento levantado entre as entrevistadas é de força para lutar contra a violência, enquanto seus próprios receios e dores precisam ser postos de lado. “A beleza da Dpcami é se dispor a ouvir e ajudar. Não é uma delegacia que simplesmente apura crimes, tem algo a mais, e é isso que faz dela uma delegacia tão especial”, diz a delegada responsável atualmente pela delegacia, Eliane Chaves.
A primeira responsável pela Dpcami de Araranguá, Rose Serafim, relembra parte da história, enquanto a escrivã aposentada Eva Helena Gonçalves pontua a importância de um local exclusivo para atender a esse público. “Era um trabalho muito interessante, vimos nascer ali uma repartição que acolhesse com dignidade a mulher vítima de violência. Era um espaço onde a mulher tinha liberdade para denunciar os crimes que vinha sofrendo”, acrescenta Zeli Terezinha Réus, escrivã aposentada.
Em 33 anos de história, alguns casos chamaram mais a atenção das equipes. A ex-responsável Rose recorda de um homicídio às margens da BR-101 meses após a inauguração da delegacia. “Esta senhora caminhava com a filha quando foi atacada por um homem que estocou ela com um objeto cortante”, recorda.
Eva Helena, por sua vez, lembra de uma senhora que, após anos sob violência doméstica, criou coragem e denunciou, na delegacia especializada.
Outra história que chamou atenção foi relatada pela agente Elaine Bitencourt, em que uma menina de 14 anos foi retirada de um lar onde era vítima de abuso e sofreu de novo, nas mãos da família adotiva. “Eu percebi que todo aquele primeiro trabalho em que ela teve uma segunda chance, ela foi vítima de novo”, conta.
A delegada atual da Dpcami, Eliane Chaves, recorda que, ao assumir a Delegacia Especializada, em fevereiro, já se deparou com o caso de um estuprador em série que agia em Araranguá e no Rio Grande do Sul.
Mas o que marcou essas mulheres, porém, foi a importância do seu trabalho na vida das vítimas. “Me apaixonei pelo trabalho, me identifiquei, quebrei todos os preconceitos que eu tinha, porque eu imaginava que Delegacia da mulher era mais para resolver briga de casal, e vi que não. Era muito mais profundo”, detalha a agente Elaine.
Para a delegada Eliane Chaves, o trabalho da Dpcami geralmente ocorre em sigilo, mas ajuda a fazer da região um lugar melhor e com menos violência.