Ostoma, ostomia, estoma ou estomia são palavras que possuem o mesmo significado, derivado do grego em que “osto” é boca e “tomia” abertura, é uma cirurgia realizada com objetivo de construir um caminho alternativo de comunicação com o meio exterior, para eliminar a urina ou as fezes, assim como auxiliar na respiração ou na alimentação. É um procedimento que promove a qualidade de vida do paciente. Mas, ainda têm pessoas com preconceito ou que olham torto quando alguém diz ou mostra que é ostomizado.
O Dia Nacional dos Ostomizados é celebrado em 16/11, instituído pela Lei Nº 11.506/2007, e tem o objetivo de divulgar informações que contribuam para combater o preconceito contra as pessoas que utilizam o procedimento da estomia. Estomizados são pessoas que devido à má formação congênita, tumores intestinais, doença inflamatória intestinal, traumas abdominais, entre outras causas, foram submetidas a um procedimento cirúrgico para a abertura de um orifício, conhecido como estoma, para a saída de fezes ou urina. De acordo com o Ministério da Saúde, existem mais de 400 mil pessoas estomizadas no Brasil.
Segundo a enfermeira responsável pelos ostomizados de Balneário Gaivota, Rafaela da Rosa Hofzmann, são 14 pacientes no município. Ela caracteriza os ostomizados como “invisíveis”, pois tanto a população de modo geral quanto os próprios agentes de saúde tem pouco conhecimento sobre o assunto e, ressalta que, mesmo durante a graduação em enfermagem, não estudou sobre o tema. “Até o paciente traz em si, um preconceito consigo, tenta se esconder, não aceita, e muitos acabam entrando em depressão”, revela. “Quando eu vejo uma pessoa com uma bolsa de colostomia, eu vejo uma pessoa que recebeu outra chance de vida”, finaliza.
Em Sombrio, a responsável pelo setor, enfermeira Aline Cunha contabiliza 16 pacientes ostomizados. Ela constata que o ostomizado, tanto o permanente quanto o temporário enfrentam e sofrem com o preconceito e aceitação. “Uma coisa que ele só fazia escondido, no banheiro, agora passa acontecer em qualquer lugar, ou seja, a pessoa é exposta”, diz. “Sabemos que é considerado uma deficiência”, considera Aline.
Morador de Balneário Gaivota, Franco Vasconcellos e Souza usa bolsa de colostomia há um ano, devido a um câncer, e procura levar a situação “na esportiva”. “Faço questão de não esconder. Precisamos normalizar as estomias. A adaptação não é fácil. Preciso de um banheiro adequado, que tenha espaço e suporte para que possa realizar a higiene”, detalha. Segundo ele, as dificuldades podem aparecer dentro da própria casa. “Algumas vezes você está na mesa de jantar, com toda a família, e os barulhos (gases) surgem, sem controle. No início eu achava muito constrangedor. Agora, já estou c… e andando”.
A estomia
É um procedimento cirúrgico que cria o estoma, um orifício, na parede abdominal ou na traqueia, de maneira definitiva ou provisória. Sem a estomia, os quadros de inúmeros pacientes não teriam solução.
A cirurgia é feita para auxiliar a pessoa que tem câncer, ou sofreu acidente, ou nasceu com problema, ou tem alguma doença (doenças inflamatórias intestinais e doença de Chagas).
Tipos de estomas
O processo de adaptação é complicado, mas, desde que siga as recomendações médicas, a pessoa pode seguir com a rotina.
Cabe informar que a classificação das estomias deriva de sua função e do local onde foi realizada, iniciado pelo nome do local e seguido de “ostomia”.
Colostomia: abertura no intestino grosso para saída de fezes ou urina e fezes.
Ileostomia: abertura no intestino delgado (fino) para saída de fezes.
Urostomia: um pedaço do intestino delgado é conectado ao ureter para saída de urina;
Gastrostomia: comunicação do estômago com o meio exterior, para permitir a alimentação e fornecimento de nutrientes nos casos em que a pessoa não consegue se alimentar pela via oral;
Traqueostomia: procedimento cirúrgico da traqueia com o propósito de estabelecer uma via respiratória, que pode ser definitiva, como acontece nos casos da cirurgia de laringectomia total, ou temporária, que é muito comum nas pessoas que necessitam de intubação orotraqueal prolongada. É a abertura da parede anterior da traqueia, fazendo uma comunicação dela com o meio externo.
Preconceito
O portador de uma ostomia muitas vezes sofre com o preconceito, devido ao fato de que após a cirurgia o paciente deve ter cuidados especiais e algumas limitações, mas nada impede que ele mantenha uma vida normal de afazeres. O principal desafio é a própria aceitação da pessoa que foi submetida à cirurgia, passando a entender os desafios e aceitar a sua nova condição de vida. Dessa forma, nada mais certo do que conscientizar as pessoas que convivem com ostomizados de que devem deixar o preconceito de lado e ajudar as pessoas que passam por esses desafios, servindo como apoio.
Direitos dos ostomizados
A ostomia, segundo Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004, é uma deficiência física, concedendo às pessoas ostomizadas todos os benefícios que possuem as pessoas com deficiência no Brasil, como por exemplo: acesso preferencial em filas, isenção de certos impostos, materiais (equipamento coletor e adjuvantes) para cuidado com o estoma, cota nas universidades e no mercado de trabalho, benefício de salário-mínimo sem condição de trabalho, transporte gratuito e o acesso à recuperação da saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sem comprovação de renda.
A Portaria nº 400, de 16 de novembro de 2009, do Ministério da Saúde (MS), dita a implantação de Serviços de Atenção a Saúde das Pessoas Ostomizadas em todo o território brasileiro, orientando estados e municípios para o atendimento a esses pacientes.
Apesar da existência das legislações citadas, a condição de estomizado ainda é assunto desconhecido por grande parte da população, cabendo aos profissionais da área e às associações de ostomizados a missão de divulgar seus direitos e respectivos serviços de referência. O conhecimento desses direitos e acessibilidade dos serviços ofertados às pessoas ostomizadas possibilitará melhor qualidade de vida e maior grau de independência, incentivando a autonomia, a participação social, a dignidade e solidariedade humana ao usuário.
Serviço de Atenção no SUS
Os Serviços de Atenção às Pessoas Ostomizadas no SUS são unidades de saúde especializadas para prestar assistência às pessoas com estoma.
Para tanto, deve dispor de instalações físicas e de uma equipe multiprofissional, devidamente qualificada e capacitada, para a prestação de assistência especializada para o público a que se destina, constituindo-se como referência na manutenção do cuidado e de sua capacidade funcional.
Esses serviços devem desenvolver ações de reabilitação que incluem as orientações para o autocuidado, a prevenção, o tratamento de complicações no estoma, a capacitação de profissionais e o fornecimento de equipamentos coletores e de proteção e segurança – bolsas coletoras, barreiras protetoras de pele sintética, coletor urinário. (Fonte: Ministério da Saúde)