As festas de final de ano sempre são cheias de comemoração, e um dos atrativos são as queimas de fogos de artifício.
Porém, enquanto para muitos os fogos brilhando no céu são lindos e maravilhosos, para outros, é um momento de pura tensão. E não são apenas os humanos os prejudicados pelo barulho dos fogos. Os animais também sofrem nessas épocas. Donos de uma audição mais aguçada que a do homem, eles ficam estressados com o som alto das explosões. Desmaios, ataques cardíacos, convulsões e até morte são alguns dos problemas observados durante a queima de fogos.
Quem sofre com isso
Os autistas estão entre os principais prejudicados pela queima de fogos. Diante disso, todos os anos são reforçados os pedidos para que a população mude o foco e não solte fogos de artifício.
“Precisamos pensar nas crianças e demais pessoas com o transtorno do espectro autista que têm a hipersensibilidade ao barulho. Esse barulho pode traumatizar tanto a criança como o indivíduo adulto, dependendo do seu grau de comprometimento e das suas especificidades. Precisamos ter empatia e se colocar no lugar delas para saber o quão sofrido é sentir aquele barulho numa potência muito alta”, explica Mariana Langner, diretora dO Centro de Atendimento Educacional especializado – Transtorno Global do Desenvolvimento
Os pets também têm medo
Esses incômodos relacionados ao foguetório também representam um perigo à saúde dos pets. O barulho em excesso pode trazer efeitos imediatos, como fugas, atropelamentos e convulsões, ou de longo prazo, como doenças cardíacas, imunológicas e metabólicas. O veterinário Luciano Buch, sócio proprietário da Clínica Veterinária Araucária – CVA, explica que o barulho dos fogos prejudica a saúde não apenas dos cães, mas também de gatos e até animais de fazenda.
“Os fogos estourando fazem um barulho muito forte nos ouvidos dos animais, eles ficam estressados e ansiosos. Pacientes cardiopatas, por exemplo, tendem a ficar pior. Nós humanos entendemos que é um momento festivo, mas os animais não, pra eles as festas de final de ano já representam um momento estressante, eles sentem a movimentação, percebem o pessoal viajando, às vezes vem pessoas diferentes para dentro da sua casa. Os animais percebem essa mudança de rotina e já vão ficando estressados e isso somado ao barulho, que para eles chega a ser 10 vezes mais alto, é preocupante. Os animais possuem ouvidos bem mais sensíveis do que o nosso, então é um momento que eles podem se machucar, se mutilar, podem até convulsionar, por medo e ansiedade”, ilustra o veterinário.
Como proteger os animais
Dr Luciano dá algumas dicas de como podemos proteger os animais nessa época do ano.
“Se você for passar as festas em casa, com a família, pode colocar seu pet em um cômodo mais tranquilo, onde não tenha muita movimentação de pessoas. Se possível, deixe ele em um lugar onde não tenha nada para subir, pular a janela, porque eles podem tentar se esconder e se machucar. E se possível, coloque um som ambiente, como uma TV ligada num desenho, ou uma música mais tranquila no rádio, sempre com o volume um pouquinho mais alto do que o barulho externo. Tudo isso ajuda o pet a se distrair um pouco, tira o foco do que está acontecendo no ambiente externo”, sugere.
Outra dica importante é colocar algodão no ouvido do animal para abafar um pouco o barulho, porém é preciso ter cuidado porque nem todos permitem isso.
“Você colocar uma toalha enroladinha, como se estivesse abraçando o pet pelo peito, cruzando entre as escápulas no dorso e amarrando na cintura, formando um X. Isso pode fazer com que eles se sintam mais acolhidos e diminuir um pouco a ansiedade. Se possível, estar presente com eles, para sentirem que não estão sozinhos”, orienta.
Medicações
Também é importante, segundo o veterinário, ministrar alguma medicação natural no seu pet.
“Temos os florais que podem ajudar a diminuir a ansiedade. Mas o intuito é que a gente comece a dar esses calmantes naturais para o pet pelo menos com 10 dias de antecedência. Para pacientes muitos ansiosos, muito eufóricos, a gente tem que entrar com medicações mais fortes, para deixá-los mais tranquilos, porque tem pacientes que são cardiopatas, pacientes mais idosos, e estes podem sofrer severamente nessa época”, diz.