Durante o mês do junho, no dia 15, celebra-se a Conscientização da Violência Contra à Pessoa Idosa. Em Sombrio, o CMDI, Conselho Municipal dos Direitos do Idoso, depois de um período desativado voltou a funcionar há dois meses. Formado por representantes da sociedade civil, administração pública e dos próprios idosos, o órgão possui função de fiscalizar, discutir e propor políticas de interesse do segmento a que se destina. A secretária executiva do Conselho Gabriela Fermiano, avalia que os encontros têm sido produtivos. “É muito bacana contar com a participação das idosas, pois elas é que conhecem na prática as necessidades dos mais velhos”, diz.
O cuidado com a população idosa aumentou durante a pandemia, não somente por ser um grupo de risco, mas também pela violação dos seus direitos. A assistente social Teresinha Tibúrcio explica que a violência, que não é apenas física, é praticada quase sempre por alguém da família, o que torna a denúncia mais difícil. “Muitos idosos se calam, as famílias não deixam que eles contem suas dores, respondem as perguntas pelo idoso”, afirma.
Teresinha atua na Secretaria de Saúde de Sombrio, em algumas situações em parceria com a colega Karine Oliveira, assistente social do Creas. O Centro de Referência atende pessoas que já tiveram seus direitos violados, e no caso dos idosos, quase sempre a violência é praticada pelos filhos. Karine menciona diversos tipos de violência, desde a psicológica, quando o idoso é maltratado com palavras, por exemplo, até a violência financeira, em que seus recursos são usurpados por parentes. Existem ainda as relações familiares mal resolvidas. “Atendemos o caso de uma senhora que cuidava do ex-marido em uma peça nos fundos da casa, mas chovia muito dentro da peça, era tudo úmido e ele ficava mal agasalhado”.
União pela mesma causa
A enfermeira Aline Inácio, coordenadora da Atenção Básica da Secretaria de Saúde de Sombrio, alerta familiares de que o idoso costuma dar sinais de que está sendo agredido de alguma forma. Ele fica mais triste, calado e emagrece sem motivo aparente. Os órgãos públicos também precisam estar atentos, e para isso devem trabalhar integrados, defende Aline. “A Saúde, o Cras, o Creas, têm objetivos comuns e juntos funcionam melhor”, afirma.
Além de familiares e cuidadores, que podem abusar dos idosos, eles também são as maiores vítimas dos golpistas. Nos últimos meses, o advogado previdenciário Juscelino Schwartzhaupt viu aumentar significativamente a presença de aposentados em seu escritório em Sombrio, em busca de orientação depois de descobrir que receberam empréstimo consignado que não solicitaram. O depósito de uma quantia é realizado na conta do aposentado e em seguida começam os descontos, sem que ele tenha autorizado. O advogado orienta o cliente a não utilizar esse dinheiro e buscar ressarcimento, mas mesmo quem usou o recurso pode entrar com uma ação de indenização por danos morais. O idoso precisa aprender a lutar por seus direitos.