Médico disse que não quer gerar pânico, mas sim apresentar a realidade. Ele pede que a população somente procure o Hospital Regional de Araranguá em casos de extrema gravidade
Araranguá
Região
Nesta segunda-feira, dia 8, o diretor técnico do HRA, o Hospital Regional de Araranguá, Eduardo Ali Dominguez, disse em entrevista à Rádio 93 FM, que considera que o atendimento já chegou ao caos e está colapsado. “Não quero gerar pânico e sim apresentar a realidade”, disse por telefone, enquanto atendia no pronto-socorro.
Na tarde de sábado, dia 6, a direção do maior hospital da região divulgou um comunicado explicando a situação e solicitando que a população somente procure o HRA em casos de extrema gravidade.
Acompanhe a entrevista com o médico:
– O que levou a direção do Hospital Regional a fazer o comunicado neste momento?
Dr Eduardo: Com certeza estamos no pior cenário da pandemia. Todos os leitos estão ocupados em Santa Catarina e aqui não é diferente, e o pronto-socorro se encontra lotado também. A isso somam-se as consultas de baixa complexidade.
Então resolvemos orientar a população e salientar o conhecimento real da situação: temos UTI lotada, a clínica de internação 100% ocupada e pacientes graves aguardando na emergência uma vaga de UTI.
– Neste momento, temos pacientes aqui da região aguardando vaga em UTI?
Dr Eduardo: Temos, no domingo o comunicado da regulação Macrosul trazia 144 pacientes esperando UTI, e no nosso hospital temos 5 ou 6.
– Por isso o apelo para que não se vá ao Hospital Regional sem caso de gravidade?
Dr Eduardo: Sim, a fila e a espera por atendimento tendem a ficar maior, fora o risco de contaminação. Se for caso menos grave, é melhor procurar a UPA ou uma unidade básica.
– O senhor tem percebido mudança no perfil dos contaminados pelo coronavírus?
Dr Eduardo: Com certeza, eles estão mais jovens. Isso também faz com que ocupem mais tempo na UTI e de internação. Muitas vezes esses jovens não têm comorbidades.
– Se tivesse como ampliar a UTI hoje, o HRA teria pessoal para trabalhar?
Dr Eduardo: Teria que ir atrás de pessoal, e ainda faltam equipamentos e medicamentos. Respiradores temos porque pegamos emprestados dos hospitais de Praia Grande, Timbé do Sul, Turvo…
Vamos fazendo o máximo para não chegar ao ponto de não ter equipamento para quem precisa, vamos criando estruturas.
– Neste ritmo de contágio, quando a região estará no caos?
Dr Eduardo: Eu considero que já estamos no caos, nosso sistema já está colapsado. A partir do momento que falta UTI, já está em colapso. Nosso medo é chegar a não ter mais nenhuma ajuda a oferecer ao paciente, essa é agora a grande preocupação.
– Quanto tempo em média dura a espera por leito especializado?
Dr Eduardo: Uma média de 3 dias. Enquanto isso, a gente acaba fazendo o tratamento equivalente aqui mesmo. Mas o ideal é que a pessoa esteja na UTI.
– Um paciente que chegue hoje ao Hospital Regional de Araranguá com Covid-19, o que ainda é possível fazer por ele?
Dr Eduardo: Atendemos e se precisar colocamos ventilação mecânica. Depois vai para a regulação de leitos.
– O hospital Dom Joaquim de Sombrio também é administrado pelo Instituto Maria Schmidt, como o HRA. Ele tem auxiliado neste período certo?
Dr Eduardo: Sim, o Dom Joaquim possui leitos de retaguarda, auxilia bastante e está com muita internação. Hoje não imagino um hospital que não esteja com superlotação no Estado.
– Como a população pode ajudar a enfrentar essa fase tão dramática?
Dr Eduardo: Agora é essencial colaborar. As armas são o isolamento, o álcool em gel e a máscara. Sabemos que o pessoal está cansado da pandemia e muitos vêm fazendo aglomeração. Mas é preciso ficar em casa, para que se possa diminuir essa curva de contágio.