O aumento do número de pacientes que não comparecem a consultas e cirurgias agendadas tem gerado preocupação entre gestores de saúde em Santa Catarina. O chamado absenteísmo — quando o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) falta sem aviso prévio — representa desperdício de recursos públicos, sobrecarga das equipes e atraso no atendimento de outros pacientes que aguardam na fila.
Em Praia Grande, o cenário é especialmente preocupante. No Hospital Nossa Senhora de Fátima, a taxa média de absenteísmo chega a 18%, índice considerado alto. Segundo o diretor da instituição, Jean Gonçalves, o problema afeta diretamente a eficiência do sistema.
“Falamos de equipes mobilizadas, blocos cirúrgicos preparados, materiais organizados e custos assumidos. Quando o paciente não comparece e não comunica, outra pessoa deixa de ser atendida naquele mesmo momento”, explicou.
Um caso recente ilustra a gravidade da situação: em apenas dois dias, uma prefeitura encaminhou 70 pacientes para cirurgias de catarata no hospital, mas apenas seis compareceram. “Sessenta e quatro vagas desperdiçadas significam sessenta e quatro oportunidades perdidas de devolver visão e qualidade de vida”, afirmou Gonçalves.
O problema, porém, não é exclusivo do município. Dados da Secretaria de Estado da Saúde apontam que, em 2025, cerca de 20% dos pacientes faltaram a consultas ambulatoriais marcadas em hospitais da rede estadual.
Para o diretor do hospital de Praia Grande, é essencial que a responsabilidade pelo bom funcionamento do sistema seja compartilhada entre todos. “O SUS não pode ser sustentado apenas pelo esforço das instituições hospitalares. É preciso compromisso integral de quem administra e de quem é atendido”, reforçou.
Especialistas defendem que o absenteísmo na saúde pública é tanto um desafio de gestão quanto de conscientização. A comunicação antecipada da ausência permite o remanejamento de horários e o atendimento de outros pacientes, reduzindo filas e custos.
“Pequenos gestos fazem diferença. Avisar quando não puder comparecer é um ato de cidadania que fortalece o SUS”, concluiu o diretor.










