À medida que o presidente Lula da Silva (PT) se aproxima da metade de seu terceiro mandato, a falta de uma identidade clara em sua gestão se torna evidente. Diferentemente de seus mandatos anteriores, caracterizados por iniciativas como o Bolsa Família e o PAC (Programa de Aceleração e Crescimento), a gestão atual de Lula ainda busca uma marca distintiva em suas políticas públicas.
Nos bastidores, aliados e ministros reconhecem que, apesar de várias medidas terem sido lançadas ou reativadas, nenhuma delas se destacou como a “cara” do governo. Essa ausência de uma bandeira clara gera frustração e críticas internas, especialmente em um momento em que a comunicação governamental é considerada um dos principais problemas. Lula já indicou a intenção de realizar uma reforma ministerial, começando pela troca do atual chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, numa tentativa de reverter essa maré negativa.
A fragmentação das ações entre os 38 ministérios é frequentemente citada como um ponto fraco da administração. Sem uma prioridade bem definida e com recursos limitados, as iniciativas acabam se diluindo, sem alcançar os resultados esperados. Essa falta de foco é preocupante, principalmente em um contexto onde as promessas feitas ao eleitorado exigem uma execução eficaz.
Um exemplo dessa falta de clareza é o programa Voa Brasil, que buscava facilitar o acesso ao transporte aéreo, mas se restringiu a um público muito pequeno, relegando a medida à marginalidade entre os projetos do governo. Outras propostas, como a elevação da isenção do Imposto de Renda, também permanecem apenas no papel, por enquanto.
A implementação das promessas enfrenta dificuldades, como demonstrado pelo cancelamento do leilão de arroz, que tinha o objetivo de reduzir os preços do alimento. Denúncias de irregularidades refletiram a dificuldade de gestão na execução das medidas. Além disso, a regulamentação dos motoristas de aplicativo encontrou resistência, gerando descontentamento entre os profissionais.
Enquanto isso, auxiliares de Lula mantêm esperanças de que os últimos dois anos trarão uma “virada” no governo. O presidente declarou recentemente, que 2025 será o “ano da colheita”, prometendo que os frutos de suas ações começarão a aparecer. Contudo, essa afirmação contrasta com pesquisas de opinião que indicam uma estabilidade na aprovação do governo, mas com uma tendência negativa preocupante.
O Novo PAC, uma das apostas mais ambiciosas do governo, apresenta um investimento estimado em R$ 1,8 trilhão até 2030. No entanto, uma pesquisa revelou que quase metade da população não tem conhecimento sobre o programa, evidenciando falhas na comunicação e na implementação das políticas da gestão federal.
A grande verdade é que Lula não está conseguindo emplacar seu terceiro mandato junto a população porque pouco, ou quase nada, foi feito de forma efetiva. Em Santa Catarina, por exemplo, a única obra inaugurada pelo Governo Federal até agora foi o contorno da BR 101 na Grande Florianópolis, que na verdade é uma obra privada, feita pela empresa que administra os postos de pedágio naquela região.
Sem grande novidade, e com o dólar batendo recordes de subida, o que indica desvalorização do real e recessão econômica a curto prazo, o PT vai ter bastante dificuldade em convencer o eleitorado brasileiro a conceder um quarto mandato a Lula da Silva, em 2026.
FINAIS
PSD catarinense segue em franca cavalhada diante de seu objetivo de eleger o próximo governador do Estado. O nome da legenda para o desafio eleitoral de 2026 é o do prefeito reeleito de Chapecó, João Rodrigues, que tem como principal articulador político o deputado estadual Júlio Garcia (PSD), que deverá assumir o comando da Assembleia Legislativa no início de fevereiro. O grande problema do PSD, no entanto, é conseguir aglutinar na mesma aliança todos os aliados de que precisa para enfrentar o projeto de reeleição do governador Jorginho Mello (PL). Uma das vagas da majoritária já parece destinada ao senador Esperidião Amin (PP), que deverá disputar a reeleição. Restariam, ainda, a vaga de vice de João Rodrigues e outra vaga ao Senado Federal.
O problema é que há mais pretendentes a estas vagas do que o espaço existente. João Rodrigues quer ter em sua aliança o prefeito reeleito de Joinville, Adriano Silva (Novo), concorrendo como seu vice. A questão é que o atual prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), também nutre esta mesma pretensão. Uma chapa pura do PSD, com João Rodrigues ao governo e Salvaro concorrendo como vice, parece desproporcional. É mais plausível supor que João Rodrigues concorra com Adriano Silva como seu vice, tendo Salvaro e Amin disputando o Senado. Mas é bom lembrar que o PSD também está de olho em uma aliança com o MDB, o que remodelaria todo este alinhavo feito até agora. Neste sentido, os deputados Mauro de Nadal (MDB) e Antídio Lunelli (MDB) são os lembrados para uma aliança com o PSD. O grande problema disto tudo será fazer a tampa da panela fechar.