A ética de ocasião parece ter se transformado na principal arma de nossos líderes políticos nos últimos tempos. Dependendo das circunstâncias, o político tem uma opinião, ou outra, mesmo que o caso em voga seja similar.
Neste momento, por exemplo, os políticos de direita do país têm se articulado no Congresso Nacional para que seja aprovada uma lei que anistie os crimes de vandalismo cometidos por centenas de pessoas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro do ano passado. A tese é a de que aquele histerismo coletivo não pode ser considerado crime, pois os envolvidos teriam agido sob forte impulso emocional, de forma desgovernada e sem a intenção racional de fazer o que fizeram. Já os políticos de esquerda, condenam com veemência todas as ações do 8 de janeiro, ressaltando que as penas para tais atos precisam ser exemplares, de modo a não fazer com que a possível impunidade gere atos similares no futuro.
É interessante observar que quando pessoas ligadas ao movimento dos sem-terra invadiram lavouras experimentais da empresa Monsanto, no Rio Grande do Sul, destruindo tudo o que viam pela frente, os políticos de direita pediram que a justiça agisse com firmeza, para que aquelas cenas não se repetissem, ao contrário dos políticos de esquerda, que saíram em defesa dos invasores, alegando, do mesmo modo, que eles haviam agido sob a influencia do calor do momento.
Mais recentemente, tivemos o caso do catarinense Francisco Wanderley Luiz, que detonou bombas caseiras na proximidade da Praça dos Três Poderes, como também em frente ao Supremo Tribunal Federal, e que ato seguinte acabou se matando com uma delas. O fato, tratado como um atentado terrorista, foi o combustível que os políticos de esquerda precisavam para atacar a direita nacional, a envolvendo em uma conspiração moral, que estaria insuflando o cidadão comum a atos de violência extrema. A direita, por sua vez, se defende, dizendo que aquele foi um ato isolado, praticado por uma pessoa mentalmente desequilibrada.
Neste paradigma não custa lembrar do caso do italiano Cesare Battisti, condenado a prisão perpétua em seu país por atos de terrorismo, que culminaram com a morte de quatro pessoas na década de 1970. Em 2009, no entanto, na segunda gestão do presidente Lula da Silva, Cesare recebeu asilo político no Brasil, e acabou sendo um dos que ajudou a articular a invasão supracitada nas lavouras experimentais da Monsanto no Rio Grande do Sul. Convém ressaltar que o Supremo Tribunal Federal autorizou extradição do italiano para seu país de origem, mas deixou a decisão final nas mãos do presidente Lula, que, em pessoa, manteve o asilo político a Cesare, sob o argumento de que ele era um perseguido político. Por óbvio, a direita brasileira foi à loucura, afinal de contas, o Governo Federal não poderia passar a mão na cabeça de um terrorista.
É interessante ressaltar que para a direita Cesare Batista é terrorista, mas Francisco Wanderley não é. Já para a esquerda, Cesare não é terrorista, mas Francisco Wanderley é. Nesta mesma ética de ocasião, para os políticos de esquerda, quem invadiu e destruiu lavouras da Monsanto não é criminoso, mas quem invadiu a Praça dos Três Poderes é. Já para a direita, os criminosos são os que invadiram as lavouras da Monsanto, não os que vandalizaram a Praça dos Três Poderes.
E cá embaixo estamos nós, como bobos, torcendo para um lado ou para o outro, como se um deles fosse o dono perpétuo da moral e dos bons costumes.
Finais
Meleiro parece ter se transformado no município do consenso político, depois que as eleições de 2016 e 2020 geraram três candidaturas majoritárias. Neste ano, o prefeito Eder Mattos (PL) conseguiu aglutinar praticamente todas as forças políticas locais em torno do vereador Anderson Scarduelli, o Nino (PL), que acabou sendo o único candidato a prefeito do município, no pleito de outubro passado. Agora, a Câmara de Vereadores aprovou por unanimidade as contas da gestão de Eder Mattos, relativas ao ano de 2023, mesmo diante de um legislativo com vereadores que lhe fizeram oposição durante quase todo seu mandato. Em princípio, tudo leva a crer que as lideranças políticas de Meleiro finalmente compreenderam que o melhor caminho para se construir um município forte é através do consenso, e não da divisão.
E o discurso do politicamente correto, no que diz respeito as tais energias renováveis, parecem, de fato, estar apenas do discurso do Governo Federal. Recentemente o Palácio do Planalto anunciou a aplicação de impostos volumosos aos carros elétricos importados, sob o argumento de atrair para o Brasil montadoras deste tipo de veículo, como se algum mega empresário fosse insano o suficiente para montar um parque industrial em nosso país. Já ontem o Governo Federal anunciou que a tarifação sobre placas solares aumentará de 9% para 25%, quase o triplo do imposto praticado atualmente. Na contramão da própria prática, o que não falta ao presidente Lula, e aos seus asseclas, são discursos de apoio as energias renováveis. No dia a dia, no entanto, o que está prevalecendo é justamente o desincentivo a geração de qualquer energia alternativa em nosso país.