A grande maioria das pessoas já conhece alguém que entrou em contato com uma pirâmide financeira em algum momento da vida. Segundo uma pesquisa do Sebrae junto ao SPC Brasil/CNDL, 11% dos brasileiros já foram vítimas de algum tipo de investimento fraudulento, sendo que mais da metade configurava esquema de pirâmide.
É importante lembrar, no entanto, que um golpe fraudulento desse tipo não vai se apresentar como uma pirâmide, já que esse termo já rodou o suficiente para gerar suspeita. Muitas vezes, aparecerão termos como marketing multinível (um modelo legal de negócio, mas que pode servir de fachada para uma pirâmide), ou até outros formatos, como o de uma mandala, para disfarçar.
Mas o negócio é insustentável. De maneira bem simples: porque há um número finito de pessoas no mundo. Para se sustentar, uma pirâmide financeira precisaria continuar crescendo para sempre.
Nem precisa ir tão longe. Em um esquema em que cada pessoa deve indicar outras seis, por exemplo, basta aplicar uma regra de progressão geométrica para descobrir que seriam necessários 10 milhões de membros até o nível 9; O nível 11 exigiria cerca de 360 milhões de participantes – mais do que os números de habitantes no Brasil, Colômbia, Argentina, Venezuela e Peru somados; À altura do nível 13, não haveria pessoas suficiente no planeta para popular o degrau.
Caso Unick Forex
A Unick Forex, cuja sede fica em São Leopoldo, prometia juros de até 3% ao dia em cima dos capitais dos clientes que viriam de negociações no mercado Forex (foreign exchange) e em criptomoedas.
No primeiro semestre de 2019, a empresa deixou de pagar os investidores; em outubro daquele ano, seus membros presos. O MPF estima que a Unick tenha captado R$ 29 bilhões de forma ilegal, prejudicando 1,5 milhão de pessoas.
Caso WorkScore
A Workscore ganhou notoriedade na mídia, já no ano passado, porque os três ex-líderes da Unick, , agora promoviam a WorkScore, que promete a seus afliliados lucros de até 100% na venda de produtos em lojas de e-commerce.
A empresa tem sede em Tubarão (SC), com método de captação e promessas nos moldes da Unick, que promoveu um desfalque de R$ 11 bilhões e hoje tem os seus responsáveis presos.
Reportagem da Rede Record apurou e, exibiu na noite de ontem, 22, que um pedreiro de Balneário gaivota, de 47 anos, teria sido envolvido numa fraude, a princípio, no valor de R$200 milhões. Ele admite que emprestou documentos para a abertura de uma empresa em troca de 2% dos lucros.
O advogado Jorge Calazans, advogado criminalista e especialista em fraudes financeiras, começou a investigar o caso quando, segundo ele, chamou atenção um aporte financeiro no capital social da WorkSpace, no valor de R$90 milhões, por uma pessoa que não tinha perfil para esse tipo de investimento, um pedreiro.
O CEO da WorkScore, morador de Jacinto Machado promovia várias lives na internet, apresentando o quadro societário da empresa, e prometendo lucros fáceis, porém, o pedreiro nunca foi mostrado. O CEO não está sendo localizado, o escritório da empresa foi abandonado e as linhas telefônicas desativadas.
Para a advogada Rossane Amaral Fontoura, representante do pedreiro, o erro dele foi ser inocente e acreditar, como tantas pessoas, porque “era muito fácil se apaixonar pelo que eles apresentavam”.

O advogado dos envolvidos através da empresa, Rafael Molina, nega que a empresa é uma pirâmide financeira e diz que o pedreiro é o sócio-administrador, com 99% da empresa desde fevereiro desse ano, e que fazia retiradas regulares, em espécie, ou através de contas de terceiros, indicadas por ele via whatsapp.
Ele conta que precisou mudou de casa e se esconder, temendo “queima de arquiivo”.