As notícias são boas na segurança pública de Santa Catarina, com redução, mês após mês, de quase todos os índices de criminalidade. Quase, infelizmente para às mulheres, pois a violência doméstica continua tendo números assustadores. Enfrentar esse problema não é fácil, e necessita da união de todas as esferas da sociedade.
A Polícia Militar possui um programa chamado Rede Catarina, que acompanha mulheres que recebem da Justiça a medida protetiva, em que o agressor precisa manter distância da vítima. Somente nos municípios de Sombrio e Balneário Gaivota, este ano, até o dia 7 de março 23 mulheres pediram e ganharam esse direito e 21 estavam sendo monitoradas pela Rede.
A policial militar Ana Paula Cararo explica que foram registradas bem mais ocorrências de violência doméstica, porém, nem todas pedem à medida. “A maioria não aceita participar do programa. Em muitos casos o agressor se afasta realmente, e elas não sentem necessidade do acompanhamento”, diz.
A medida protetiva costuma ter validade de 3 a 6 meses, podendo ser reavaliada depois. A mulher que adere ao Rede Catarina tem acionado no seu celular o botão do pânico, um aplicativo que permite acesso direto a PM. “Ao se sentir ameaçada, ela não precisa ligar e ficar esperando alguém atender. É um sinal automático que aponta onde ela está, mesmo na rua”, explica Ana Paula.
A policial militar Sarah Wagner Zanatta lembra que nem sempre a violência sofrida pela mulher é física. “A violência psicológica é muito comum e pode destruir a vítima. Ela é chamada de inútil, ouve ameaça de morte a sua família, filhos e a ela mesma. Algumas não conseguem enxergar as palavras como violência”, afirma Sarah.
Combater a violência doméstica não é função somente da Polícia. A juíza da Comarca de Sombrio, Lívia Borges Zwetsch Beck, participa ativamente das campanhas e discussões sobre o tema. Na sua avaliação, a informação é fundamental para auxiliar às vítimas. “Acredito que existem muitos casos de violência contra mulheres que não são reportados às autoridades competentes”.
A magistrada defende ações envolvendo também os homens. “A violência na família era culturalmente aceita. Para mudar isso, as campanhas devem conscientizar os homens também. A violência é crime e não pode ser tolerada”, finaliza a juíza.