As eleições estaduais ainda estão longe de acontecer, mas o meio político parece não ter dúvidas que o PL elegerá pelo menos um senador, ou senadora, no pleito do ano que vem. A grande questão é saber se esta candidatura ao Senado será protagonizada por Júlia Zanatta ou Carol De Toni, ambas deputadas federais, ou por um outro nome da legenda. Em princípio, o PL deverá destinar apenas uma vaga de candidatura ao Senado Federal aos seus, reservando a segunda vaga para algum aliado em potencial. Isto, por si só, já será motivo para um desgaste incomensurável dentro do ninho liberal, afinal de contas, a troco de que o PL abriria mão de sua segunda vaga ao Senado, se tem chances de emplacar os dois nomes na eleição de 2026?
De todo modo, como política não é uma equação matemática, e sim uma junção de interesses, o mais provável é, sob a batuta do governador Jorginho Mello, que também é o presidente estadual do PL, o partido deva ter uma outra legenda como companheira de chapa na disputa pelo Senado. É a partir daí que começa o segundo desgaste desta situação, muito mais estressante do que a disputa interna dos liberais. Isto porque, o governador terá que escolher qual partido terá o privilégio de fazer dobradinha com o PL, empunhando a bandeira bolsonarista em Santa Catarina, e ainda contando com a estrutura política que será montada para seu projeto de reeleição. O problema de Jorginho é que, ao escolher alguém, ele deixará de escolher vários outros, que provavelmente buscarão abrigo em outros grupos políticos tentando viabilizar seus próprios projetos.
A lista de partidos interessados em estar na base de apoio a Jorginho, desfrutando dos louros da fama bolsonarista em nosso Estado não é pequena. O MDB é o primeiro da fila, e já disse que, para início de conversa, quer a vaga de candidato a vice de Jorginho e também a segunda vaga de candidato a senador de sua coligação. Trata-se do partido mais indigesto para aqueles bolsonaristas raízes, como é o caso da deputada Carol De Toni, já que o MDB conta com vários líderes vinculados a ideologia social-democrata, dentre eles os ex-governadores Paulo Afonso Vieira e Eduardo Pinho Moreira, e a ex-deputada estadual Ada de Luca. Só aí, o governador Jorginho já teria incomodo suficiente para todo o período eleitoral que se avizinha.
Caso o MDB aceite ser apenas vice, abrindo a vaga de candidato ao Senado para outra legenda, a confusão não seria menor, pois o PL passaria a reivindicá-la, ao mesmo tempo em que o Progressistas condicionaria o apoio do partido a Jorginho, à destinação desta vaga ao senador Esperidião Amin, que é candidatíssimo à reeleição.
Mas a história não termina por aí, pois tem aumentado no PSD o número de líderes simpatizantes da tese de que o partido deva se aliar ao governador em troca de uma vaga ao Senado Federal. Neste ponto, voltamos a estaca zero, sem uma solução para o dilema que acometerá o PL, em algum momento não tão distante de hoje.
Finais
O meio político catarinense tem acompanhado de perto as alfinetadas dadas entre si pelo governador Jorginho Mello e o ministro dos Transportes, Renan Filho. Enquanto Jorginho critica o Governo Federal pela falta de investimentos nas BRs 280, 282 e 470, além do trecho da 101, no Morro dos Cavalos, Renan Filho diz que o governador catarinense deveria se preocupar com os buracos das rodovias estaduais, deixando as federais sob a responsabilidade de quem lhes compete. Ato seguinte, as redes sociais de Jorginho e de Renan Filho são entupidas de vídeos com cada um dos gestores querendo mostrar mais obras rodoviárias do que o outro, na tentativa de impor suas verdades, e, no embalo, desqualificar as obras do opositor.
O fato é que esta briga entre Jorginho e Renan Filho, é muito mais antiga do que se imagina. Ainda enquanto senador, o atual governador catarinense bateu de frente com o também senador Renan Calheiros (MDB/AL), que é pai de Renan Filho. Durante uma reunião da CPI da Covid, da qual Calheiros era relator, o senador alagoano chamou Jorginho de vagabundo, por defender o governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), ao ponto em que Jorginho emendou, chamando Renan Calheiros não só de vagabundo, mas também de ladrão e picareta. Não fosse a intervenção dos seguranças do Senado, os dois teriam entrado em briga corporal. A história das rodovias é meramente o segundo capítulo do desentendimento de Jorginho Mello com a família Calheiros.