Não tem soado nada bem, no meio político, como também junto a sociedade catarinense, a disposição do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) de disputar o Senado Federal por Santa Catarina. Quanto mais ele, e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se movimentam para viabilizar o projeto, maiores são as críticas a esta intenção. Na semana passada, por exemplo, Carlos Bolsonaro publicou um vídeo feito em seu gabinete, no Rio de Janeiro, onde aparecia um mapa de Santa Catarina, com ele fazendo referência a alguns municípios do Estado. O objetivo, nitidamente, era o de mostrar algum tipo de afinidade com os catarinenses, mas o vídeo acabou recebendo muito mais críticas do que elogios.
A grande verdade é que depois do fator Jorge Seif, que foi eleito senador em 2022 sem que sequer os eleitores de Santa Catarina soubessem onde ele morava, não será nada fácil para a família Bolsonaro emplacar Carlos sem resistências. Isto não significa que ele não terá chances de eleição. É muito provável, até mesmo, que seja o candidato ao Senado mais votado de nosso Estado, mas isto se dará a um custo muito alto, principalmente para o governador Jorginho Mello (PL). Empresários do porte de Luciano Hang, por exemplo, que abraçaram a campanha de Jorge Seif em 2022, dificilmente irão fazer o mesmo em relação a Carlos Bolsonaro em 2026, muito pelo contrário. A Fiesc, que é a Federação das Indústrias de Santa Catarina, aliás, já emitiu nota contrária a presença de Carlos como candidato por nosso Estado.
Os maiores desdobramentos desta situação, no entanto, estão ligados aos bastidores da política catarinense. Tão logo Jair Bolsonaro sentenciou que os candidatos ao Senado Federal pelo PL em Santa Catarina seriam seu filho e a deputada federal Carol De Toni (PL), o PSD abriu franca conversação com a federação União Progressista, para ter, de fato, tanto o União Brasil quanto o Progressista na base de apoio do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), em seu projeto de candidatura ao Governo do Estado ano que vem.
De acordo com o presidente estadual do Progressistas, Leodegar Tiscoski, o senador Esperidião Amin será candidato à reeleição, independentemente de quaisquer desdobramentos em outros partidos. Como, em princípio, não haverá espaço na aliança do governador Jorginho Mello, a tendência, então, é de aliança com João Rodrigues, ainda que Leodegar não afirme isto, reiterando que qualquer decisão em relação ao futuro da Federação só será tomado no início do ano que vem.
Em linhas gerais, o Progressistas está apostando que Carlos Bolsonaro não será candidato ao Senado por Santa Catarina, o que abriria espaçou para Amin na chapa de Jorginho Mello. Todavia, como se sabe, quando Jair Bolsonaro coloca algo na cabeça ninguém consegue demovê-lo de seus propósitos. A saída diplomática para isto poderia ser uma candidatura de Carlos por outro Estado bolsonarista, do Centro Oeste ou do Norte do país. Com isto, se resolveria o problema de Bolsonaro, que quer ver seus três filhos mais velhos no Senado, como também o problema do PL catarinense, que está segurando uma bomba relógio nas mãos que atende pelo nome de Carlos Bolsonaro.
Finais
Encontro estadual do PSD, marcado para o dia 11 de setembro em Balneário Camboriú, deverá contar com a tropa de choque do partido em nível nacional, objetivando reforçar a pré-candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, ao Governo do Estado. Em princípio, o evento deverá contar com a presença do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, como também com dez senadores e 40 deputados federais. O encontro está sendo orquestrado pessoalmente pelo presidente estadual do partido, Eron Giordani, e pelo deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia. Quem também tem participado de forma muito presente das decisões do PSD estadual é o ex-prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, cotado para concorrer como candidato a vice-governador de João Rodrigues, ou pelo PSD, seu atual partido, ou pelo Progressistas, caso a federação União Progressistas se decida por integrar o principal grupo político de oposição ao governador Jorginho Mello (PL), diante das eleições estaduais do ano que vem.
O Governo do Estado lançou na semana passada o programa Estrada Boa Rural, que pretende asfaltar 2.500 quilômetros de estradas rurais em Santa Catarina, com um investimento de R$ 2,5 bilhões. De acordo com o governador Jorginho Mello (PL), metade deste valor será destinado aos municípios diretamente pelo governo estadual, em forma de convênio com as prefeituras; já a outra metade será destinado ao BRDE e ao Badesc, para que as prefeituras possam fazer financiamentos com estes bancos a juros diferenciados, com pagamento a longo prazo. A primeira prefeitura de nossa região a se mostrar interessada no programa foi a de Balneário Gaivota, que já está preparando a documentação visando conquistar R$ 8 milhões para a pavimentação asfáltica de 8 quilômetros de estradas rurais. Se o projeto for aprovado, os recursos serão aplicados na pavimentação do trecho da rodovia municipal que liga a localidade de Figueirinha até Palmeira e Lagoinha, como também no trecho de outra rodovia municipal, que liga Anita Garibaldi até Estiva do Rodrigues.