SC tem a única escola Lixo Zero do Brasil

Divulgação / SED
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A EEB Aldo Câmara da Silva, em São José, reuniu toda a comunidade escolar em torno da causa ecológica e tornou-se a primeira e única Escola Lixo Zero do Brasil. A entrega da certificação ocorreu no fim do ano letivo de 2019 e mesmo durante a pandemia a comunidade escolar continuou com as atividades necessárias para ser aprovada na auditoria anual e manter o título. Uma trajetória que ganha ainda mais destaque no Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado neste 5 de junho.

A certificação é emitida pelo Instituto Lixo Zero Brasil somente para instituições que alcancem a meta de 90% ou mais de resíduos encaminhados corretamente. Hoje apenas 7 quilos de rejeitos sanitários saem da escola por semana com destino ao aterro sanitário. Além da certificação, a escola conquistou o Prêmio Lixo Zero 2019 de Boas Práticas e compartilhou sua experiência em Portugal no encontro We Are Global.

Tudo começou com a professora de Língua Portuguesa Fabiana Mina. Em 2019, ela trabalhou o tema consumo com os alunos do 9º ano para que eles escrevessem um artigo de opinião e realizassem uma ação prática na escola relacionada à temática. Para motivar os estudantes, ela convidou Rodrigo Sabatini, diretor do Instituto Lixo Zero, para fazer uma palestra. Na ocasião, ele desafiou a turma a começar as ações para receber o certificado. A turma se empolgou e envolveu toda a escola para que fossem desviados 130 quilos de resíduos por semana do aterro sanitário.

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Assim, o 9º ano fez palestras de conscientização com todas as turmas e profissionais da escola. Logo em seguida, as lixeiras das salas foram substituídas por uma caixa para colocar papel e um balde para colocar as aparas do lápis. No pátio da escola foi instalado um residuário para separar os resíduos de acordo com o valor de reciclagem. Os alunos criaram nos fundos da escola uma composteira para colocar os resíduos orgânicos e transformá-los em adubo para a horta.

Todos os resíduos secos são recolhidos por uma associação de coletores e usados como fonte de renda pelo grupo. Depois de realizar todas essas ações, a escola conseguiu desviar os resíduos do aterro sanitário e aproveitar 94% do material. Já em 2020, a escola criou um jardim de flores comestíveis. Cada criança recebe uma mudinha com o seu nome e fica responsável por cuidar do pé, tirando as ervas daninhas e regando em horários previamente organizados pelas professoras.

Estudantes como protagonistas da iniciativa

As professoras relatam que os estudantes que fizeram toda a transformação. “O projeto só ganhou essa proporção porque os alunos se viram como protagonistas. Eles entendem que a escola é deles, então se dedicam e vêm no contraturno mexer na composteira”, explica a professora Fabiana. Na visão dela, a manutenção do certificado é um desafio diário, “principalmente porque lidamos com pessoas de várias idades, muitas já têm os seus hábitos”.

Para Mateus dos Santos da Silva, do 8º ano, a experiência está sendo incrível: “Tem muitos aprendizados que vou levar pro resto da minha vida. O maior deles é que o lixo não existe. O projeto serve pra gente pensar para onde todo tipo de lixo pode ir e ainda gerar renda”. Emanuely de Souza Freitas Corrêa, do 8º ano, descreve que está conseguindo aprender como os resíduos podem ser reutilizados de forma prática: “Tudo isso de uma forma didática, incluído nas aulas das disciplinas”.

A diretora Marciléia Pereira Santos destaca que a iniciativa começou apenas com uma turma, mas rapidamente levou a escola toda a se envolver. Atualmente, há 587 alunos matriculados no Ensino Fundamental. “É um projeto muito gratificante, pois vimos que o envolvimento das pessoas fez com que o projeto refletisse dentro de casa”.

Na visão da gestora, não é possível trabalhar com educação sem falar de conscientização sobre o lixo. “Nós queremos que nosso aluno saia não apenas com o conteúdo histórico-cultural, mas também queremos que ele saia com uma formação humana e esteja preocupado com o ambiente em que ele vive”. Diversas unidades da rede estadual e municipal já entraram em contato com a gestora e visitaram a escola para realizar ações semelhantes: “Os ventos estão levando as sementes do nosso projeto para bem além da escola. Temos orientado de forma virtual uma escola em Orleans, no sul do Estado”, relata.

Acostumada a lidar com as palavras, a professora Fabiana acredita que o projeto se resume a uma só: transformação. “A iniciativa transformou muitas vidas na escola e fora dela. A gente vai vendo mudar a nossa forma de consumir”, finaliza.

Evento em Brasília

O sucesso da iniciativa levou a escola a ser convidada a participar do Congresso Internacional Zero Waste Cities, realizado no fim de junho deste ano em Brasília. A direção está realizando uma campanha para conseguir recursos para enviar um aluno e um professor para o evento. Interessados em contribuir podem entrar em contato pelo telefone: (48) 3665-5790.

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