Em dez anos trabalhando como taxista na região de Sombrio, seu Tomate vive dirigindo com o olho nos passageiros. Ele chegou a ser vítima de uma tentativa de assalto tempos atrás, e acabou reagindo, o que hoje, desaconselha. O taxista se diz inseguro. “A gente escuta muita coisa da polícia, de que isso já faz parte do nosso trabalho”, comenta.
Tomate fica 24 horas à disposição dos clientes, e sempre que é chamado sai de casa para fazer as corridas. O motorista tenta filtrar os clientes e dirigir apenas para os conhecidos, abrindo raramente algumas exceções. “A maioria dos clientes eu conheço pela voz, pelo número. Tem pessoas de fora que pegamos, mas até agora, tem dado tudo certo”, conta.
A tática, porém, não deu certo para outros taxistas. Um deles, inclusive, foi vítima de tentativa de homicídio com um pedaço de arame.
Para evitar problemas, porém, muitas vezes os motoristas precisam perder clientes. Tomate, inclusive, admite que já teve que deixar alguns para trás. “Se eu vejo que é essa gente jovem, ou em alguns lugares diferentes, passo reto, finjo que nem é nada. Não é em todos os lugares, mas dependendo, a gente percebe que é ponto de drogas, coisas assim. Aí, a gente não vai”, pontua.
Sobre o envolvimento de taxistas em questões criminais, Tomate é incisivo: já chegou a ser parado pela polícia, mas nunca teve problemas. “A gente está em casa, descansando. Ligam, e a gente vai buscar. Aí a polícia para, a gente diz o que foi fazer, mostra que estava em casa, e eles entendem e deixam ir. Já aconteceu de eu levar um casal e uma criança, e dentro da roupa da criança a polícia encontrar [drogas], dentro das fraldas da criança”, relata.
Por fim, ele pede que haja mais empatia com esses profissionais, que assim como muitos outros trabalhadores, só querem ganhar seu pão de cada dia e voltar para casa em segurança. “A gente pede mais simpatia. Tem muitos casos de gente que não paga, passa cartão e não tem crédito, também os pix falsos que alguns colegas levaram. Eu tenho dó. A gente pede que as pessoas tenham mais paciência, e que os taxistas se cuidem, que liguem para a polícia se for fazer uma corrida mais longa”, conclui.