O inquérito policial que investigou a tragédia do balão em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, foi concluído nesta quarta-feira (8) pela Polícia Civil sem que ninguém fosse indiciado. O acidente, ocorrido em 21 de junho de 2025, deixou oito mortos e 13 feridos e agora segue sob análise do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
Em entrevista à Rádio Som Maior, o delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, destacou que, com o encerramento do inquérito, o Ministério Público possui três caminhos possíveis: oferecer denúncia com base nas provas reunidas, solicitar o retorno do inquérito para complementação das diligências ou arquivar o caso. A decisão final cabe ao MP, que é o titular da ação penal.
Gabriel, porém, deixou claro seu posicionamento pessoal sobre a condução do caso: “Eu, como delegado, se fosse responsável pelo inquérito, teria feito o indiciamento. Como cidadão, discordo veementemente do não indiciamento do piloto e dos responsáveis pela empresa”, afirmou.
O delegado apontou indícios de negligência, imprudência e imperícia do piloto e de representantes da empresa que operava o voo. Entre os fatores destacados estão a ausência de habilitação específica do piloto, falhas na operação durante o incêndio e a não utilização do mecanismo de escape (“tap”), que poderia ter impedido que o balão voltasse a subir após o primeiro impacto com o solo.
O laudo pericial da Polícia Científica de Santa Catarina confirmou elementos que contribuíram para o acidente, mas o delegado responsável pela investigação entendeu que não havia provas suficientes para formalizar indiciamentos.
Familiares das vítimas criticam a conclusão do inquérito e questionam a atuação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) na fiscalização das atividades de balonismo na região, conhecida como a “Capadócia brasileira”. Eles pretendem acionar o Ministério Público e formalizar a Associação das Famílias das Vítimas do Acidente de Balão em Praia Grande para buscar responsabilização.
O acidente envolveu um balão com 21 pessoas a bordo. Logo no início do voo, a estrutura pegou fogo. Treze pessoas conseguiram saltar ou cair, enquanto oito morreram — quatro carbonizadas dentro do cesto e quatro vítimas fatais ao saltarem de aproximadamente 45 metros de altura.
Após a tragédia, todos os voos de balonismo em Praia Grande foram suspensos temporariamente, sendo retomados apenas em 2 de julho de 2025, após a análise das condições de segurança pelas empresas da região.