O modelo de Goleman possui uma série de fundamentos que se baseiam no desenvolvimento de habilidades comportamentais para uma melhor gestão das emoções.
Não à toa, o cientista conceitua inteligência emocional como a competência para gerenciar sentimentos, de maneira que eles contribuam para as tomadas de decisões e o bem-estar geral.
O que é ser uma pessoa inteligente?
Por anos, a medida da inteligência era dada exclusivamente pelo Quociente de Inteligência (QI) de uma pessoa.
No conceito de QI está, em linhas gerais, a habilidade de raciocinar, pensar problemas de forma abstrata, gerar soluções para assuntos complexos e aprender rapidamente.
Tudo isso se relaciona com o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos. Contudo, muitos estudiosos passaram a questionar essa teoria da inteligência única.
Em contraposição a essa corrente, Howard Gardner elaborou a teoria das múltiplas inteligências na década de 1980.
De acordo com o novo estudo, tanto Pelé como Einstein são exemplos de pessoas muito inteligentes.
Pelé se destaca na inteligência corporal-cinestésica, enquanto Einstein leva “nota 10” na inteligência lógica-matemática.
De acordo com Gardner, existem 8 tipos de inteligência.
São eles:
Linguística: comunicação oral e escrita, lidar com palavras. Políticos, poetas e jornalistas costumam ser referência
Musical: produz e diferencia sons, ritmos e timbres
Lógica/Matemática: resolução de cálculos e problemas. Cientistas, acadêmicos e engenheiros são os destaques
Visual/Espacial: visão do todo, 3D, reconhecimento especial. Pintores, fotógrafos e designers são exemplos de profissionais com essa inteligência bem desenvolvida
Corporal/Cinestésica: não só os atletas a utilizam, mas também profissões como cirurgiões e artistas plásticos, pois devem fazer um uso racional de seu corpo ao exercer a profissão
Interpessoal: auxilia na interpretação dos gestos e palavras na esfera social. Permite a empatia
Intrapessoal: possibilita que possamos nos compreender e nos controlar internamente
Naturalista: detecta e relaciona questões da natureza. Está ligada à sobrevivência do ser humano.
O que significa ter domínio de sua inteligência emocional?
Dominar sua inteligência emocional significa ser capaz de perceber suas emoções, saber nomeá-las, entendendo seus gatilhos, para, então, desenvolver formas de lidar com elas.
E elas são muitas.
Felicidade, raiva, angústia, medo, alívio, tédio… Alguns estudos falam em 27 emoções, enquanto outros abrem esse leque para quase 50.
O grande desafio é que temos gerações de pessoas que cresceram sendo ensinadas a nomear tudo como tristeza, alegria, medo e raiva.
Assim, se a angústia decorrente de uma situação de conflito e contradição for taxada como tristeza, será difícil de dominar, pois o sentimento por trás é mais complexo.
Pode até envolver a tristeza, mas não se limita a ela.
Ter consciência das emoções existentes que se pode experimentar permite que você entenda também quais são os gatilhos de cada uma.
E, a partir disso, será possível desenvolver formas de lidar com elas.
Com o tempo, você percebe que está com mais jogo de cintura, que se tornou uma pessoa mais leve, otimista e que resolver problemas não é mais um fardo.
A partir desse momento, você terá domínio de sua inteligência emocional.
Quais são os 5 pilares da inteligência emocional?
O modelo de Goleman se fundamenta a partir de uma série de competências que, por sua vez, são sustentadas por estes cinco pilares da inteligência emocional.
Os três primeiros são intrapessoais, e os dois últimos, interpessoais.
Confira:
- Conhecer suas emoções
O primeiro pilar é a autoconsciência, que nada mais é do que a capacidade de entender como as emoções funcionam. Ou seja, é preciso compreender como elas surgem, de onde vêm e de que maneira se manifestam.
Normalmente, os sentimentos propiciam dois tipos de reações: as psicológicas e as físicas.
As primeiras são pensamentos e crenças, já as segundas são sintomas como arrepios e taquicardia, por exemplo.
Uma emoção como a angústia pode despertar crenças limitantes e pensamento negativos que remetam à falta de capacidade, assim como manifestações físicas como palpitações e dores abdominais.
- Controlar suas emoções
O segundo pilar é a autorregulação das emoções. Ou seja, a competência de gerenciar os seus sentimentos.
Depois de conseguir reconhecer o que você sente, fica mais fácil controlar essas diferentes sensações.
Seguindo o exemplo anterior, vamos supor que você sempre sinta angústia em determinadas situações na sua rotina de trabalho, que geram aquelas respostas físicas e psicológicas já mencionadas.
Para começar a dominar esse sentimento ruim, o primeiro passo é identificar quais circunstâncias o despertam.
Diversas estratégias podem ser úteis nesse sentido, como conversar consigo mesmo ou manter um diário pessoal.
A ideia é sempre lembrar que você tem uma escolha, que o controle das emoções está em suas mãos.
- Desenvolver a automotivação
O terceiro pilar diz respeito a se motivar e se manter motivado. Para isso, você precisa usar as emoções ao seu favor, em prol de algum objetivo específico, seja ele pessoal ou profissional.
Se a sua meta é ser promovido, por exemplo, o exercício que deve ser feito é: de que maneira posso gerir meus sentimentos, de modo a ter decisões mais assertivas que me permitam aproveitar as oportunidades?
Privilegiar a razão em qualquer cenário parece ser a decisão mais óbvia, mas, na verdade, a chave para o sucesso está no equilíbrio entre as duas esferas.
- Desenvolver a empatia
O quarto pilar também é o primeiro que aborda as competências interpessoais, e não apenas as habilidades individuais, onde precisamos lidar apenas com o nosso íntimo. O desenvolvimento da empatia, neste caso, vai além do conceito mais conhecido de “se colocar no lugar do outro”.
Aqui, soma-se a esse exercício reconhecer que as demais pessoas ao seu redor, amigos, família e colegas de trabalho, também têm as suas emoções e precisam aprender a lidar com elas.
Talvez, o estágio de desenvolvimento da inteligência emocional deles esteja atrasado em relação ao seu, mas não há espaço para julgamentos.
- Desenvolver o relacionamento interpessoal
O ser humano vive de suas relações. Desde os primórdios, nos unimos para sermos mais fortes e superar os obstáculos juntos. O quinto e último pilar trata sobre isso.
A necessidade de nos relacionarmos com o outro e como as competências sociais podem ser úteis nesse sentido.