A terapia de reprocessamento generativo visa a investigar e tratar as causas profundas dos problemas mentais, levando em consideração as interações complexas existentes entre a mente consciente e o inconsciente. Nesse contexto, o modelo do cérebro triúno de McLean oferece uma estrutura teórica útil para entender as diferentes camadas cerebrais e suas implicações na percepção, emoção e comportamento.
O modelo do cérebro triúno proposto pelo neurocientista Paul MacLean, em 1970, descreve a organização e a evolução do cérebro em três camadas distintas: o cérebro reptiliano, o sistema límbico e o neocórtex.
Essas camadas representariam diferentes estágios de desenvolvimento evolutivo e estariam associadas a funções específicas.
- O cérebro reptiliano está relacionado à sobrevivência básica e ao instinto.
- O sistema límbico está envolvido nas emoções e nas relações sociais.
- Já o neocórtex é responsável pelo pensamento abstrato e pelo processamento cognitivo complexo.
A terapia de reprocessamento generativo reconhece a interconexão entre essas camadas do cérebro e como elas influenciam a experiência humana.
Ao explorar o inconsciente, a TRG busca identificar registros emocionais, memórias traumáticas ou bloqueios emocionais que podem estar enraizados nas camadas mais antigas do cérebro.
Ao acessar e reprocessar essas memórias traumáticas ou bloqueios emocionais, objetiva-se desencadear uma transformação profunda no indivíduo.
A TRG fundamenta-se em três regras do inconsciente que desempenham um papel crucial em seu modelo teórico e prático.
Essas regras são:
- a atemporalidade,
- a busca pela felicidade
- e a compulsão à repetição.
Essas regras são utilizadas como uma estrutura para se compreender e abordar as questões psicológicas dos indivíduos.
A primeira regra, a atemporalidade, refere-se à percepção do inconsciente de que eventos passados continuam a ter impacto no presente. Para o inconsciente, eventos traumáticos ou dolorosos ocorridos há muito tempo são vivenciados como se tivessem acabado de acontecer. Isso significa que as memórias e as emoções associadas a esses eventos são mantidas de forma intensa e podem afetar o funcionamento emocional e comportamental atual. A TRG reconhece essa atemporalidade e busca reprocessar as experiências passadas de forma a aliviar o impacto no presente.
A segunda regra envolve a busca da felicidade por meio do processo de superação natural e amadurecimento, através da compreensão e processamento das situações emocionais vivenciadas. O inconsciente do indivíduo busca “digerir” as experiências emocionalmente dolorosas, proporcionando uma perspectiva mais amadurecida e integrada desses eventos. Nessa regra, o processo de busca pela felicidade refere-se à capacidade do indivíduo de compreender, processar e integrar as experiências emocionais passadas de maneira mais saudável e adaptativa.
A compulsão à repetição e descreve a tendência do inconsciente em buscar repetir situações semelhantes, na tentativa de compreender e resolver os eventos passados de forma mais satisfatória. Isso significa que as pessoas podem se encontrar repetindo padrões comportamentais ou entrando em situações semelhantes de forma inconsciente, na esperança de encontrar uma resolução ou entendimento. A TRG trabalha com essa compulsão à repetição ao ajudar os indivíduos a reconhecerem esses padrões e a reprocessarem as experiências passadas de maneira mais adaptativa, promovendo uma maior liberdade de escolha e superando os ciclos repetitivos.
Em suma, essas regras fornecem um arcabouço teórico para compreender como as experiências passadas influenciam o presente e como os padrões comportamentais e emocionais são estabelecidos. Ao utilizá-las como guias, a TRG busca facilitar o reprocessamento e a transformação terapêutica, visando à melhoria da qualidade de vida e ao desenvolvimento pessoal dos indivíduos.