Todos os anos, Balneário Gaivota recebe milhares de pessoas durante a temporada de verão. Entre elas, está Pablo Barretti, de 42 anos, que desde a adolescência passa as férias no município. É normal, portanto, que tenha boas lembranças da praia, mas também poderia ter um trauma devido a um fato que mudou completamente a sua vida.
Em 1998, jogando futebol com amigos a beira mar, torceu o pé. Para diminuir a dor, tomou um analgésico bastante comum e que a maioria das famílias possui em casa. O caso não deveria ter sido grave. Ele era um garoto ainda e logo se recuperaria. Só que o medicamento provocou uma reação alérgica forte, e depois de enfrentar tratamentos e internação, Pablo teve os olhos bastante afetados. Ele perdeu quase toda a visão, até que em 2011 ficou completamente cego.
Claro que a tristeza muitas vezes o atacou, mas se entregar a ela nunca foi uma opção. Aprendeu braille, treinou se deslocar sozinho, estudou, se juntou a outros deficientes visuais em uma associação na cidade de Farroupilha, no Rio Grande do Sul, onde mora; namorou, casou e continua veraneando na Gaivota. “Sou formado em Administração e trabalho, sou bem independente. Brinco dizendo que com a minha bengala posso ir até no Japão”.
A esposa é uma parceira constante na Gaivota, onde, segundo Pablo, a maior dificuldade são as calçadas mais antigas, ruins e com desníveis, ou ruas em que as calçadas nem existem. “A avenida Beira Mar é acessível, chegar ao mar também não é difícil. As ruas mais antigas nos bairros é que são piores”, diz. Nada, porém, que faça o casal desistir de vir recarregar as energias sob o sol catarinense.