Em passagem por Criciúma ontem, governador Jorginho Mello (PL) disse que a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro não irá enfraquecer o bolsonarismo no país. De acordo com ele, caberá aos filhos do ex-presidente levar o legado político do pai adiante, o que inclui suas participações ativas na campanha eleitoral de 2026. Evitando falar sobre a composição de sua chapa majoritária, para a disputa eleitoral do ano que vem, Jorginho Mello disse que todos os partidos são bem vindos para uma aliança política, com exceção dos partidos de esquerda. “Com estes não tem negócio”, sentenciou o governador.
Jorginho Mello fez questão de elogiar pontualmente o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Júlio Garcia, e ressaltou que o PSD, seu partido, seria muito bem vindo ao seu grupo político para a disputa eleitoral que se avizinha. Na semana passada, durante jantar com a cúpula da federação União Progressista, Jorginho admitiu a possibilidade de o PSD compor como seu vice, mesmo já tendo prometido esta vaga ao MDB.
Questionado sobre a composição da chapa para o Senado por sua coligação, Jorginho voltou a dizer que este é um assunto para ser tratado apenas em julho do ano que vem, às vésperas das convenções que definirão as coligações que disputarão o pleito estadual.
Notadamente, o governador tem tentado trazer para a estaca zero as possibilidades de composição de sua chapa majoritária. Até o final de outubro ele já estava com sua chapa montada, se dispondo a disputar a reeleição tendo o MDB como seu vice e destinando as duas vagas ao Senado, por sua coligação, ao vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) e ao senador Esperidião Amin (PP). A péssima repercussão causada pela exclusão da deputada federal Carol de Toni (PL) como pré-candidata ao Senado fez Jorginho amainar suas declarações. Já a possibilidade de aliança nacional entre o PL e o PSD o fez desdizer de forma assertiva que o MDB concorrerá como seu vice. Basicamente, o governador desmontou o que ele próprio havia montado.
Finais
- Ex-deputado federal e atual presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, que disputou as duas últimas eleições estaduais como candidato ao governo catarinense pelo PT, diz que está pronto para o embate de 2026. De acordo com ele, seu nome está a disposição da esquerda estadual para concorrer novamente ao governo, ou a uma vaga ao Senado. Ele admite que o PT tem conversado com outros partidos de esquerda, a exemplo do PSB, objetivando uma possível aliança majoritária que levaria outra legenda a encabeçar coligação. O ex-senador Paulo Bauer, concorrendo pelo PSB, poderia ser este nome da esquerda para disputar o governo. Décio, por sua vez, disputaria o senado. Todas estas tratativas, no entanto, são muito recentes, de acordo com o ex-deputado. De todo modo, o que se percebe nitidamente é que o PT catarinense está trabalhando para o lançamento de uma grande frente de esquerda, que tenha como candidato ao governo um moderado. Por enquanto, Paulo Bauer é o nome deste grupo.
- E quem deixou a bola passar quicando e não chutou, no que diz respeito a candidatura ao governo catarinense pela esquerda, foi o ex-governador Raimundo Colombo (PSD). Antes de Paulo Bauer receber o convite para disputar a governadoria pelo PSB, com o PT de vice, quem recebeu esta proposta foi Colombo, que declinou da possibilidade. A simpatia da esquerda pelo ex-governador não é de todo estranha. Em 2014, quando disputou a reeleição pelo governo, Colombo se manteve neutro em relação a eleição presidencial, ressaltando que estava tomando aquela posição pelo bom relacionamento que teve com a então presidente Dilma Rousseff (PT) durante seu primeiro mandato. O então governador ressaltou várias vezes, naquele pleito, que não poderia trabalhar contra alguém que havia abraçado e ajudado a resolver muitas das principais demandas de Santa Catarina. Pelo visto, no entanto, o envolvimento de Colombo com a esquerda foi meramente circunstancial.










