Em outubro de 2020, Samara Melo foi morta a tiros por seu ex-companheiro, em via pública, em Sombrio. Ela tinha 31 anos, quatro filhas e estava grávida na época do crime. Ontem, dia do Júri Popular, o ex-companheiro de Samara foi condenado a pena de 45 anos e 7 meses de prisão, em regime fechado e sem benefícios. Já seu irmão, que estava com ele no dia do feminicídio foi inocentado e recebeu o alvará de soltura logo após o julgamento
Sombrio
Aconteceu nesta quarta-feira, dia 8, o Júri Popular de dois homens acusados do feminicídio de Samara Melo, em outubro de 2020. O Júri ocorreu no Fórum de Sombrio, município onde o crime bárbaro ocorreu.
O ex-marido de Samara, que atirou contra ela, e seu irmão, que estava dirigindo o carro, usado no dia do crime e que seguiu em fuga com o atirador, sentaram no banco dos réus nesta quarta.
A irmã da vítima, Elisângela, junto de toda a família, acompanhou os procedimentos e em entrevista ao Portal C1 falou sobre como os parentes de Samara se sentiram. “A gente tá revivendo tudo o que passou no dia do crime. Não é fácil. A gente quer justiça, que ele pague o que ele fez. Não vai trazer minha irmã de volta, mas a gente pede justiça”, pontuou.
As filhas de Samara foram deixadas aos cuidados da avó materna, com apoio da família, que tenta fazer o que pode para amenizar a dor da perda. “A gente nunca vai suprir a falta que a minha irmã faz. Elas sofrem caladas, sentem muita falta dela. Tem uma que é mais calada, e as outras demonstram mais. A gente tenta dar carinho e auxílio, mas não tem dor maior que perder a mãe”, disse entre lágrimas.
De acordo com Elisângela, perder a irmã foi algo impensável para a família, que continua sofrendo e tentando aceitar um crime tão bárbaro. “A gente pensa que com a nossa família não vai acontecer, que é só coisa de filme, mas só quem vive sabe a dor. Todo mundo sofre, mas faz dois anos e eu não aceito. É muito sofrimento”, lamenta.
A mulher ainda compartilha o sentimento de indignação pelo fato do atirador nunca ter se quer demonstrado arrependimento pelo crime. “Isso dói mais ainda pra gente. Quem perdeu fomos nós, as filhas, a minha mãe, que é forte e dá força para nós”, comenta.
Relembre o crime
Samara Melo, na época com 31 anos, foi morta a tiros na manhã de 14 de outubro de 2020, quando chegava em um mercado próximo à casa de parentes.
Naquele dia, o ex-marido desceu do carro que o irmão dirigia e atirou duas vezes contra a cabeça da mulher, fugindo logo depois no mesmo automóvel, um Ford Ka alugado na cidade natal dos acusados, no interior do Paraná.
O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas Samara acabou indo a óbito ainda no local.
Em ação conjunta da Polícia Civil com a Polícia Rodoviária Federal, o ex-companheiro de Samara e o irmão dele foram presos em flagrante em Itapema, litoral Norte do estado, a cerca de 300 km do local do crime, enquanto fugia.
Conforme informações da Polícia, o homem não aceitava o fim do relacionamento e já havia sido detido por violência doméstica. Ele, inclusive, chegou a agredir Samara já sabendo que ela estava grávida.
O casal estava morando no Paraná, terra-natal do ex de Samara, até que o relacionamento acabou e ela voltou para Sombrio, onde sua família morava.
Quando foi preso, o homem levava dentro do veículo um revólver calibre 38 com três munições intactas. Ele confessou o crime e foi detido junto com o irmão, que também estava no carro.
Já no dia seguinte, o ex da mulher e seu irmão tiveram a prisão preventiva decretada. Eles foram autuados por feminicídio e permaneceram presos até o dia do julgamento.
Crime gerou comoção
Na época do crime Samara, que já tinha quatro filhas, estava grávida de sete meses, fatos que causaram uma comoção ainda maior na cidade.
Uma semana após a morte de Samara, mulheres se reuniram em uma passeata para homenagear a vítima. No ato foram feitas orações e homenagens, além de um minuto de aplausos em celebração à vida da mãe de quatro meninas.
Após o crime, a família fez uma campanha para conseguir dar mais conforto e espaço às filhas de Samara, que perderam não só a mãe, mas também o irmão ainda no ventre.
Sentença
O Júri, que iniciou na manhã desta quarta-feira, às 9 horas, terminou pouco antes das 19 horas, com o irmão do ex de Samara absolvido. Já o ex-companheiro da vítima foi condenado a pena de 45 anos e 7 meses de prisão, em regime fechado e sem benefícios. Cabe recurso das decisões.