Sinte afirma que as escolas estaduais não possuem estrutura para garantir as definições dos Planos de Contingências. Uma assembleia online será realizada hoje, para decidir se os professores paralisam as aulas presenciais
Região
A Regional do Sinte, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação, de Santa Catarina, que congrega professores da rede estadual de ensino, realiza às 18h30min desta quarta-feira, dia 10, uma assembleia online para discutir a paralisação das aulas presenciais.
Em assembleia estadual na segunda-feira, representantes do magistério deliberaram pela greve e decidiram que seguirão as aulas de forma virtual. A decisão foi feita por conta dos crescentes casos positivos de coronavírus. Em nota, o Sinte afirmou que as escolas estaduais não possuem estrutura para garantir as definições dos Planos de Contingências.
O coordenador regional do sindicato Gerson Barbosa Nascimento, apoia a interrupção das aulas presenciais. “Do ano passado para cá a situação só piorou. Não dá para arriscar mais. Muitos pais que tinham optado pelo ensino presencial, agora estão indo para o remoto”, diz.
O sindicalista avalia que a maioria dos professores da rede estadual dos 15 municípios do Extremo Sul, é a favor do trabalho voltar a ser totalmente remoto. As aulas poderiam voltar a ser presenciais depois que todos os trabalhadores em educação estejam vacinados.
Durante a discussão marcada para hoje, a intenção é formar uma comissão de greve para organizar a mobilização nas escolas.
A Secretaria de Estado de Educação foi comunicada pelo Sinte da deflagração da greve sanitária, e em nota afirmou que a considera ilegal e que, caso necessário, irá acionar a Justiça e adotar às medidas cabíveis.
Apesar do site do sindicato informar que a paralisação iniciaria na terça-feira, dia 9, às aulas presenciais ainda foram ministradas na região, e o mesmo deve acontecer nesta quarta.
Texto divulgado pelo Sinte
“Santa Catarina vive um colapso na saúde. Hospitais lotados, sem vagas nas UTIs e alguns prefeitos começam a tomar medidas mais drásticas de lockdown para tentar conter o crescente número de infectados pela Covid-19. Paralelo a este cenário desesperador, acompanhamos o governador Moisés, seguindo a política negacionista de Bolsonaro, expondo os trabalhadores da educação, estudantes e familiares ao risco de contrair o coronavírus com a manutenção das aulas presenciais.
As escolas estaduais não possuem estrutura para garantir as definições dos Planos de Contingências – Plancon. Denúncias de falta de segurança sanitária estão sendo flagrados em todo o estado, aulas estão sendo suspensas com casos suspeitos entre estudantes e profissionais, bem como casos confirmados e profissionais até hospitalizados.
É urgente que o Estado tome uma medida em defesa da vida da população. Por isso, os trabalhadores da educação não retornarão as escolas e continuarão as aulas de forma online.
A mobilização cobra que o governo do estado zele pela vida da população e interrompa imediatamente as aulas presenciais, além de garantir a vacinação de todos os trabalhadores da educação, bem como a continuidade da vacinação da população idosa e do grupo de risco.
As aulas online começam nesta terça (9/3) com aplicativos alternativos, até que Moisés libere os aplicativos oficiais do governo do estado.
Não vamos aceitar desrespeito com as nossas vidas”.
Nota divulgada pela SED
“A SED, Secretaria de Estado da Educação, foi oficialmente notificada pelo Sinte, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação, de Santa Catarina da deflagração da “greve sanitária” e a considera ilegal por inúmeros motivos, em especial por não respeitar os requisitos descritos na Lei 7.783/89.
A greve só é considerada legítima quando temporária (art. 2o, da Lei no 7.783/1989), mas o sindicato não estabelece uma data e exige a vacinação de todos os membros da categoria profissional, algo que não é possível antever porque ainda não há imunizantes disponíveis para compra imediata no país. Além de descumprir os requisitos legais, a “greve sanitária” desconsidera toda a análise técnica que baseou o retorno das atividades presenciais – após mais de um ano de paralisação.
Além disso, a decisão é contrária ao cumprimento da Lei 18.032/2020, que considera as atividades educacionais, aulas presenciais nas unidades das redes pública e privada de ensino, como serviço essencial em Santa Catarina. A SED entende que esta é uma decisão que não será aceita pela sociedade, que espera ter a opção de levar os filhos para a escola de forma segura, conforme tem sido colocado em prática desde fevereiro.
Convém esclarecer que a ausência ao trabalho para participar de paralisação constitui falta injustificada do servidor, cujas concepções estão fundamentadas na Lei no 6.844/1986, o Estatuto do Magistério Público do Estado de Santa Catarina. Não há dispositivo que garanta a reposição como meio de compensar descontos salariais decorrentes de dia não trabalhado.
A SED reforça que as escolas não estão imunes à Covid-19, mas que são ambientes seguros para o prosseguimento das aulas presenciais por conta dos protocolos sanitários adotados com o Plano de Contingência para a Educação (PlanCon Edu), o qual foi construído com participação do próprio sindicato.
Por fim, a SED entende que a deflagração da greve não representa a vontade da maioria dos trabalhadores de educação da rede estadual e reforça que irá manter as aulas nos três modelos, adotados de forma democrática para contemplar todos os alunos, preservando as pessoas do grupo de risco, e para manter o interesse público previsto na legislação. Caso necessário, a SED está se mobilizando para acionar a Justiça e adotar as medidas cabíveis”.