Jéssica Fagundes Lima é doadora de sangue e de medula óssea. Em menos de um ano após realizar o cadastro para doar medula, ela foi comunicada que era compatível com um paciente que enfrentava um câncer e aceitou a missão
Sombrio
Desde menina, Jéssica Fagundes Lima pensava em doar sangue. Teve a oportunidade de fazê-lo em 2016, quando um parente precisou de ajuda. No entanto, não conseguiu manter uma rotina de doação devido à dificuldade de ir de Sombrio, onde mora, a Criciúma, onde está localizado o único Hemosc do Sul catarinense. Quando o hemocentro passou a buscar os doadores na cidade, e a administração municipal também passou a dispor de transporte para levar e trazer as pessoas, Jéssica voltou a doar. Além do sangue, ela também se cadastrou como doadora de medula. E foi grande a sua surpresa quando menos de um ano depois, foi comunicada pelo Redome, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, de que ela era compatível com um paciente que enfrentava um câncer. “Eles me perguntaram várias vezes se eu gostaria de doar, porque é muito triste desistir depois de começar o processo. Para quem precisava da doação, a única esperança era o meu sim”, conta.
O sim veio, e cheio de gratidão pela oportunidade de salvar uma vida.
O caminho até a medula da sombriense chegar à pessoa necessitada foi longo e exigiu dela paciência e determinação. Jéssica teve que permanecer em Florianópolis vários dias, com as despesas todas pagas pelo órgão regulador, se submetendo a exames e preparação. Tudo valeu a pena quando recentemente foi informada de tinha dado certo e que o paciente, ou a paciente, estava melhorando.
O banco de medula é mundial, e quanto mais gente nele, maior a chance de chegar a compatibilidade. Doador e receptor não recebem informações um sobre o outro. A única coisa que Jéssica soube foi que o beneficiado não é brasileiro. Ela inclusive não podia contar sobre a doação por um período, além de evitar dar datas exatas. A sua doação, porém, foi bastante recente.
Jéssica é agente comunitária de saúde na localidade de Boa Esperança, em Sombrio, tem 30 anos de idade e um filho de 8 anos. Quando explicou ao menino que ficaria alguns dias na capital, disse que era para tentar salvar um ser humano. “Ele compreendeu e depois perguntou se tinha doído retirar a medula para doação. Eu disse que tinha sentido um incômodo, mas nada que se compare a quem estava se preparando com quimioterapia para o transplante, e enfrentando um câncer. Sinto muita gratidão por ter conseguido ajudar”, enfatiza. Sua vontade agora é conhecer o receptor, isso, porém, depende dele ou dela ter o mesmo desejo.
Grupo ajuda
Sombrio possui um grupo permanente de doadores de sangue, coordenado pela funcionária pública Ronise Menezes Euler. Jéssica participa do grupo e ao ser comunicada sobre a possibilidade de doar medula a um paciente, ela imediatamente procurou Ronise, temendo ser um trote ou golpe. “Eu vi que era verdade, e fiquei muito feliz. Ter uma doadora compatível entre nós pode incentivar muita gente a ser doador de medula também”, conta Ronise.
Para ser doador de medula óssea será necessária à coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para testes de tipificação HLA – fundamental para a compatibilidade do transplante. Estes dados serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Ósseame, em caso de identificação de compatibilidade com um paciente, o doador será contatado para realizar outros testes. O armazenamento da doação de medula óssea é feito em bolsas de sangue, e o receptor as recebe através de um cateter na veia. Jéssica não teve nenhuma consequência física ao fazer a doação, inclusive já está apta a doar novamente, se precisar.