A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos, até 2030, mudará completamente o jogo político no Brasil tanto no pleito eleitoral do ano que vem, quanto no de 2026. Bolsonaro ainda pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal, mas com a maioria dos ministros da Corte notadamente contrários as suas atitudes, ele irá apenas chover no molhado.
O fato é que o ex-presidente deixará de ser candidato nos próximos pleitos mas passará a ser um cabo eleitoral de primeira linha. Em princípio deverá focar seus esforços em participar de campanhas eleitorais nas principais cidades do país ano que vem, de modo a fazer com que o PL tenha uma boa base eleitoral para enfrentar o pleito presidencial de 2026, que é o que realmente lhe interessa.
A grande incógnita é saber onde Bolsonaro irá apostar suas fichas. Em princípio ele tem dois nomes bastante fortes para a disputa pelo Palácio do Planalto: o da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, que é a atual presidente do PL Mulher Nacional, e o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL). Em um primeiro momento são dois perfis totalmente distintos. Enquanto Michelle dependerá totalmente de Bolsonaro para solidificar sua pré-candidatura presidencial, Tarcísio já nasce com ela pronta, por conta do poderio político do Estado de São Paulo.
A grande questão agora é saber até onde irão as investidas contra Jair Bolsonaro e o bolsonarismo. O ex-presidente deverá enfrentar uma série de processos criminais a partir de agora, ligados aos atos de 8 de janeiro, às chamadas milícias digitais, aos ataques contra o sistema eleitoral brasileiro, e por aí afora. Quanto mais efeitos surtirem estes processos contra Bolsonaro, menores serão as chances de Michelle emplacar como candidata a presidente, e, neste sentido, se ressalta o nome de Tarcísio de Freitas. Por outro lado, se tais processos caírem no ostracismo será Michelle quem se ressaltará como a candidata preferencial do movimento bolsonarista na eleição presidencial.
Finais
Ao aceitar ser Secretário de Meio Ambiente de Santa Catarina, deputado federal Ricardo Guidi (PSD) se mostra cada vez mais próximo do PL do governador Jorginho Mello. O deputado passa a ser de forma natural o candidato de Jorginho à Prefeitura de Criciúma, contra as pretensões do prefeito Clésio Salvaro, recém filiado ao PSD, que pretende lançar seu Secretário de Governo, Arleu da Silveira (PSDB), ao comando do executivo criciumense. Interessante observar que com a ida de Ricardo Guidi para o primeiro escalão do Governo do Estado, quem assume em seu lugar na Câmara Federal é o primeiro suplente do PSD, ex-deputado federal Darci de Mattos, que tem excelentes relações políticas com o prefeito de Meleiro, Eder Mattos (PL).
Depois de quatro meses e meio preso, prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP), foi liberado da prisão, em decisão da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. A prisão foi motivada por suposto recebimento de propina oriundo do recolhimento de lixo em seu município. Em que pese o discurso de Ponticelli defendendo sua inocência, como também a falta de um processo transitado em julgado que o condene, o fato é que o estrago na carreira política do prefeito está feito. Ponticelli nunca escondeu seu desejo de voos maiores na política, o que inclui a chapa majoritária estadual, mas a mácula deixada pelo processo que enfrentar dificilmente será superado no âmbito catarinense. Seu futuro deverá lhe reservar meramente uma carreira política regionalizada a partir de agora.