Com uma produção média estimada entre 25 e 30 toneladas por hectare, Santa Catarina deve produzir cerca de 60 mil toneladas de maracujá na safra 2020/21. O Estado tem aproximadamente 2 mil hectares de pomar da fruta, a maioria concentrada no Sul. A produção, mesmo reduzida por instabilidades climáticas – como a extensão do frio no início do cultivo e as chuvas ocorridas principalmente no mês de janeiro – pragas e doenças, ficou acima da média histórica de 23 toneladas por hectare.
Diego Adílio da Silva, líder do Programa Fruticultura da Epagri no Sul Catarinense, explica que o crescimento da produtividade é decorrência da adesão, por parte dos produtores, às práticas de manejo difundidas pela Epagri nos últimos anos. Segundo o extensionista rural, as práticas preconizadas pela Empresa já proporcionaram picos de produtividade que chegaram a 90 toneladas por hectare, mais especificamente no município de Pedras Grandes.
A safra 2020/21 está praticamente toda colhida. De acordo com o registrado em algumas Unidades de Referência Técnica (URTs), que são propriedades acompanhadas pela Epagri, os produtores vêm recebendo, em média, R$ 20,50 pela caixa de 11 kg. “É um valor abaixo do pago na safra passada, muito em decorrência do frio que adentrou aos meses da primavera, postergando o começo da colheita, que geralmente se dá no início da segunda quinzena de dezembro, onde os preços praticados são mais atrativos”, analisa Diego.
O técnico da Epagri explica que, por ser uma fruta de alta qualidade, o maracujá catarinense já alcançou, em outras safras, picos de preços de R$ 70 a caixa. Nas unidades agrícolas acompanhadas nesta safra, o maior valor obtido foi de R$ 35 a caixa. Neste momento de fase final da colheita, quando a fruta tradicionalmente tem menos qualidade, a caixa vem sendo vendida a R$ 13. O principal mercado comprador segue sendo a região Sudeste do país.
Diego destaca ainda a elevação considerável do custo de produção. Segundo ele, em algumas URTs houve um aumento de 20% na comparação com a safra passada. Na média, o custo de produção da safra 2020/21 foi 17,3% maior em relação à safra anterior.
Qualidade
Outros entraves da atual safra foram a ocorrência de doenças fúngicas como a verrugose, e de outras causadas por ataques de insetos como percevejo e a mosca do botão floral. O cenário biológico superou inclusive a virose do endurecimento do fruto, doença conhecida pelos produtores de maracujá de Santa Catarina, que veio sendo controlada nos últimos anos graças a um trabalho articulado entre Epagri, Cidasc, cooperativas, atacadistas e produtores, para difusão de boas práticas de manejo.
Para controlar a virose do endurecimento do fruto, os produtores passaram a selecionar plantas e frutos de maior qualidade para obtenção de sementes e a usar mudas produzidas em ambientes protegidos e transplantadas para o pomar já maiores. Também passaram a utilizar quebra-ventos, entre outras medidas. Outra providência fundamental foi a criação do vazio sanitário, que estabelece que entre os dias 1 e 31 de julho de cada ano não poderá existir nenhum pomar comercial de maracujá em Santa Catarina, diminuindo a instalação da doença e sua disseminação por seus principais vetores, os pulgões.
Controle
Agora a Epagri começa a estudar meios de controlar as doenças que apareceram com mais intensidade na última safra. A Estação Experimental da Epagri em Urussanga já começou o monitoramento da mosca do botão floral. Também já iniciaram os testes para combater a verrugose, que é causada por um fungo e se manifesta mais intensamente quando encontra condições climáticas adequadas.
“Mesmo com todos os entraves citados, o maracujá é uma alternativa de renda para a propriedade rural catarinense”, sentencia Diego. Contudo, ele reforça a importância de realizar o vazio sanitário, fazer uma boa amostragem de solo, encomendar mudas de viveiros idôneos e realizar um bom planejamento da safra.
Informações e entrevistas
Diego Adílio da Silva, líder do Programa Fruticultura da Epagri no Sul Catarinense, pelos fones (48) 3403-1093/ 99912-3009