Ah, o Deus Abraão, Isaac e Jacó! O meu Deus. Se eu tivesse que descrever esse personagem, diria que é o mestre do plot twist. Imagine que, ao invés de criar uma história linear e previsível, decidiu fazer da minha vida um épico repleto de reviravoltas surpreendentes.
Tudo começou numa manhã que parecia ser como qualquer outra manhã chuvosa, mas logo se tornaria um marco na minha vida. Eu estava na sala de espera de um Posto de Saúde, onde o ambiente era marcado por silêncio e expectativa. A médica chamou, e com uma expressão que misturava profissionalismo e empatia, começou a discutir meus resultados. “Você tem um tumor maligno. Medindo quatro centímetros. Agudo. Alto grau.”
Aquelas palavras foram como uma sentença de morte, caindo sobre mim com um peso devastador. Meu mundo, até então relativamente previsível, foi virado de cabeça para baixo. O choque deu lugar a um turbilhão de emoções e a um sentimento de desespero profundo. Em meio a essa tempestade emocional, ergui um olhar para o céu e, com o coração em frangalhos, perguntei a Deus: “Por que eu?” A resposta, que veio não como uma voz audível, mas como uma sensação profunda de entendimento, foi: “E por que não?”
Essa resposta me fez perceber que a adversidade não era um castigo, mas uma oportunidade para encontrar força e propósito. O Deus da reviravolta não era um juiz implacável, mas um guia que me ofereceu a chance de descobrir novas facetas da minha própria vida.
A jornada que se seguiu não foi fácil. As sessões de quimioterapia, os exames e as consultas médicas tornaram-se episódios dramáticos e desafiadores. No entanto, o que parecia ser um caminho sem esperança transformou-se em uma experiência de profunda descoberta pessoal. Cada desafio se tornou uma oportunidade para crescer e redefinir minha vida.
Uma parte crucial dessa transformação foi a adoção da bolsa de colostomia. Em um primeiro momento, isso poderia parecer um obstáculo, mas, na verdade, essa bolsa salvou minha vida. Ela não é um motivo para pena, mas um símbolo da minha sobrevivência e da minha capacidade de enfrentar as adversidades com coragem.
A vida com uma bolsa de colostomia me ensinou a viver com um novo nível de gratidão e resiliência. Em vez de me ver como uma vítima, aprendi a enxergar-me como um sobrevivente que encontrou um caminho através das dificuldades. A bolsa não é uma marca de derrota, mas uma cicatriz de batalha, uma medalha da minha vitória sobre um desafio que, de outra forma, teria sido fatal.
Eu tive o apoio inabalável de amigos e familiares, que se tornaram pilares de força e amor. Cada mensagem de encorajamento, cada gesto de carinho foi como uma luz em meio à escuridão, ajudando-me a navegar por esse mar turbulento.
Finalmente, quando os exames mostraram que o câncer havia desaparecido, o final dessa jornada parecia um conto de fadas moderno. Deus, com Seu timing perfeito, transformou uma ameaça mortal em uma nova chance de vida.
Essa experiência me ensinou que a vida é cheia de surpresas e mudanças inesperadas. O verdadeiro milagre não está apenas na cura, mas na forma como aprendemos a viver e a amar intensamente durante os momentos de adversidade. Em vez de esperar que a vida nos presenteie com flores, aprendi a distribuí-las enquanto ainda temos a chance de celebrar o presente.
Portanto, quando a vida parecer uma peça dramática com reviravoltas inesperadas, lembre-se: o Deus da Reviravolta está sempre pronto para transformar a narrativa e surpreender-nos com finais inesperados e cheios de esperança. O milagre está na jornada.
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