“Quando penso em bengala, sinto no coração que ela é muito mais do que um acessório. É como uma extensão do meu dedo que toca o chão, uma conexão direta com o mundo que me possibilita ‘ver’ meu caminho. Para mim, a bengala é a chave para a minha autonomia. Infelizmente, muitas pessoas ainda a veem apenas como uma simples varinha. Por isso, decidi compartilhar a minha experiência e desmistificar a bengala branca e suas cores.
Tudo começou na década de 1920, quando o fotógrafo britânico James Biggs, após perder a visão, teve a brilhante ideia de pintar sua bengala de branco para aumentar sua visibilidade. Essa iniciativa pioneira abriu caminho para que, em 15 de outubro de 1931, os Estados Unidos instituíssem o Dia Nacional da Bengala Branca. No Brasil, esse reconhecimento chegou um pouco mais tarde, mas a bengala branca já faz parte da vida de muitos.”
“Hoje, não temos apenas a bengala branca. Temos a bengala verde para pessoas com deficiência visual, porém com baixa visão. Existe também a bengala branca e vermelha para pessoas surdocegas. As cores são um modo de identificar o tipo de deficiência visual, mas, independentemente da cor, atrás de cada bengala existe uma pessoa que, também independentemente da sua cor, merece respeito e aquela ajudinha básica para atravessar a rua.
Se depois desse artigo você me ver por aí com bengala rosa, dourada ou vermelha, continuo sendo uma pessoa com deficiência visual. Ainda sou cega. Mas daquelas cegas ousadas que adoram colorir o mundo. A beleza, realmente, está nos olhos de quem vê.”